Todo ano chove, mas há quem tenha dúvida

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Um leitor desavisado que abrisse um jornal do início de dezembro de 2022 e começasse a ler as notícias sobre o caos em Campo Grande causado pelas chuvas não perceberia estar lendo um jornal antigo. Haveria notícias sobre os alagamentos do Noroeste, na Lagoa Itatiaia e no Jardim Itamaracá. Se abrirmos hoje o noticiário veremos exatamente o mesmo. Caos no Noroeste que deveria ter obras de drenagem em andamento, a Lagoa Itatiaia que já deveria ter sido revitalizada continua alagando e os moradores passando por situações constrangedoras no Itamaracá. E esses são só alguns exemplos, o problema se repete na Vila Nasser, no Jardim Canguru e em todas as regiões da cidade.

O nosso leitor se surpreenderia ao constatar que o jornal era de um ano atrás e que por coincidência as notícias seriam as mesmas. Acontece que não há coincidências. O que há é desleixo por parte da administração municipal que sabendo previamente da estação de chuvas e dos pontos críticos da cidade nada fez para mitigar os problemas enfrentados pelos moradores. Será que em um ano nada pode ser feito?

Por onde anda o Plano Diretor de Drenagem de Campo Grande que previa obras para prevenir situações como as que temos vivido neste ano? Pronto desde 2008 porque não tece suas ações implementadas até hoje? Faltam os recursos, dirão nossos gestores. Que trabalho faz a prefeitura então para captar tais recursos? O PAC2, Infraestrutura previa recursos para obras que, executadas, trariam melhor qualidade de vida ao campo-grandense. Onde estão tais recursos? Não fomos capazes de trazê-los para que as obras fossem feitas como em inúmeras cidades o fizeram Brasil afora.

Dúvidas e mais dúvidas povoam a mente e o coração do campo-grandense. Certezas são poucas. Recentemente acrescentaram mais dúvidas e pouquíssimo esclarecimento para o cidadão refletir. Foi anunciado um hospital público municipal que seria um “complexo industrial de saúde”, dotado de leitos de UTI, laboratórios de exames e médicos especialistas para atender a população. Até agora, só dúvidas: onde será o hospital, que empresa fará a Parceria Público Privada com Campo Grande? Resposta nenhuma, restam as dúvidas.

Um grande investimento em educação também está prometido: mais de 6000 vagas nas escolas municipais, construção ou reforma de creches por toda a cidade a serem entregues à população para o ano que vem. No pacote foi anunciado ainda a climatização de todas as salas de aula e ambiente administrativo em todas as escolas da capital com o uso de energia gerada de forma limpa, a solar. Tal investimento necessitaria de uma prévia adequação das instalações elétricas de todas essas escolas.

Nada disso foi feito, nada é muito bem esclarecido. O campo-grandense vai entrar em 2024 com as mesmas dúvidas que o perturbam há mais de uma década de sucessivas administrações que muito pouco foram capazes de responder. Quem sabe 2024 não traga luz capaz de esclarecer tantas dúvidas e trazer respostas a tantos problemas. 

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