O perigo de eleger promotores de crimes de ódio: o caso de Rafael Tavares que foi condenado por ameaçar perseguir os gays, os negros, os japoneses e índios

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A ascensão do uso das redes sociais na política trouxe consigo uma série de desafios éticos e legais. Um desses desafios é a disseminação de discursos de ódio por meio de plataformas digitais, um comportamento que, quando vindo de figuras públicas, pode ser ainda mais perigoso e influente. O caso do deputado cassado Rafael Tavares é um exemplo contundente dos perigos dessa prática.

Rafael Tavares, que já se apresentou como pré-candidato à prefeitura de Campo Grande, foi condenado pela justiça a uma pena de 2 anos, 4 meses e 15 dias de reclusão, em regime aberto, por crime de ódio. O episódio ocorreu em 30 de setembro de 2018, quando Tavares, então militante do PSL, fez uma publicação no Facebook durante o período eleitoral acirrado para a presidência da República.

Imagem da postagem no facebook pelo deputado estadual cassado Rafael Tavares

A publicação de Tavares foi uma resposta a um jovem que criticava o então candidato Jair Bolsonaro, mencionando um episódio de violência que presenciou na infância. Em vez de responder de maneira construtiva ou argumentativa, Tavares optou por um discurso de ódio chocante e ameaçador. Ele escreveu: “Não vejo a hora do Bolsonaro vencer as eleições e eu comprar meu pedaço de caibro para começar meus ataques. Ontem nas ruas de todo o país vi muitas famílias, mulheres e crianças destilando seus ódios pela rua, Já montamos um grupo no whatsapp e vamos perseguir os gays, os negros, os japoneses, os índios e não vai sobrar ninguém. Estou até pensando em deixar meu bigode igual do hitler.

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) ofereceu denúncia em junho de 2019.

A gravidade da situação foi imediatamente reconhecida pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul, que ofereceu denúncia contra Tavares em junho de 2019. Apesar de Tavares alegar que seu comentário foi feito de forma irônica, a Justiça não aceitou essa justificativa. Tavares, em seu depoimento, afirmou que não imaginava que as pessoas se sentiriam ameaçadas por suas palavras, uma alegação que soa tanto quanto preocupante quanto irônica.

O fato é que as palavras têm poder, especialmente quando proferidas por figuras públicas. O discurso de ódio não apenas perpetua preconceitos e divisões na sociedade, mas também pode incitar a violência e o ódio real contra grupos específicos. Além disso, ao promover tais discursos, os políticos comprometem a integridade do processo democrático, tornando-o mais vulnerável a manipulações e extremismos.

O caso de Rafael Tavares serve como um alerta sobre os perigos de eleger candidatos que usam as redes sociais para promover crimes de ódio. É essencial que os eleitores estejam atentos ao histórico e ao comportamento de seus candidatos, exigindo transparência, responsabilidade e respeito pelos direitos humanos. A democracia saudável depende do compromisso de seus líderes em promover um debate público construtivo e inclusivo, e não de disseminar o ódio e a divisão.

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