CAMPO GRANDE: O CARNAVAL QUE (NÃO) QUEREMOS

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Quero convidar a todos a seguinte reflexão: QUEREMOS OU NÃO O CARNAVAL POPULAR EM CAMPO GRANDE?

Durante os últimos dias tenho visto inúmeros comentários sobre o carnaval de Campo Grande. Muitas críticas sobre a falta de estrutura, como banheiros e lixeiras; badernas; brigas; consumo excessivo de álcool; consumo de drogas; falta de postura no convívio social (por exemplo pessoas urinando em via pública); muitos apelos sexuais; depredações; lixo por toda a parte, etc. Em suma, falta de educação por parte de muitos que ali estavam. Também ouvimos alguns questionamentos no que tange ao horário de encerramento dos festejos, classificado por muitos por ser muito cedo, entre outros.

Penso que neste momento temos que ter grandeza para fazer essa discussão sem paixões, ou seja, com extrema racionalidade.

Por ser o carnaval uma festa popular inserida na cultura brasileira, proponho uma união de esforços liderada pelos órgãos de segurança pública, devido às suas atribuições de caráter preventivo e, se necessário, repressivo, na preservação da ordem pública, onde sentariam a mesa, além dos órgãos de segurança pública, os comerciantes/ambulantes diretamente envolvidos, os moradores da região, o poder executivo municipal em suas várias facetas, o governo do Estado com suas secretarias, a AGETRAN, o Ministério Público, os blocos que desejarem participar das festividades, o Conselho Tutelar, as entidades representativas que tenham interesse no evento (Associação Comercial e Industrial,  CDL, representantes da rede hoteleira, Conselhos Comunitários de Segurança, etc), a OAB, o PROCON, as empresas de transporte coletivo, os taxistas, os mototaxistas, os motoristas de aplicativos, etc, para se escolher o local adequado, o horário de início e término, forma de atuação da fiscalização de eventuais irregularidades administrativas e criminais, estabelecimento de parâmetros de participação de crianças e  adolescentes, taxas a serem cobradas dos que exercerem atividade econômica no local, linhas de ônibus que atenderão o evento, interdição do local e adjacências, etc.

Como se verifica um evento de tamanha magnitude necessita de um planejamento prévio, onde todos os atores envolvidos sejam chamados a participar, cada um contribuindo para melhorar os festejos carnavalescos do próximo ano ou que ele não se realize, se assim for a desejo da maioria.

Tive a oportunidade de trabalhar por 03 anos em Corumbá, onde se realiza o melhor e maior carnaval do estado e lá se chega facilmente a ter 30 a 40 mil pessoas por noite na avenida. Acontecem alguns problemas semelhantes como verificados aqui, até em razão da quantidade de participantes e do consumo de bebida alcoólica, mas pelo que observei, em amplitude infinitamente inferior a que constatamos em Campo Grande.

Em Corumbá como em Salvador, guardadas as proporções,  o planejamento do próximo carnaval começa com o encerramento do último, onde inicialmente é feito uma avaliação conjunta, onde se extrai as medidas que deverão ser tomadas no próximo carnaval para resolver ou pelo menos minimizar os problemas que foram constatados.

Neste contexto a mídia tem papel importante, dando por consequência legitimidade e transparência ao que for acordado e cobrando distorções ocorridas, promovendo por consequência um consciente debate público sobre a questão, pois entendo que a mídia é responsável pelo debate público de qualidade.

Tudo poderia terminar numa verdadeira sinergia na Câmara de Vereadores com a realização de uma audiência pública onde se pactuaria os procedimentos que deverão ser tomadas em conjunto ou a não realização do carnaval de rua de Campo Grande.

Tenho plena convicção que nada ficará perfeito num passe de mágica, mas com investimento, persistência, gestão, tempo e vontade política podemos equacionar os problemas decorrentes do carnaval de rua e caminharmos com passos pequenos, mas firmes para que não aconteçam mais fatos como assistimos recentemente.

Coronel PM RR Alírio Villasanti Romero – presidente da Associação dos Oficiais Militares Estaduais de MS (AOFMS).

Excelente reflexão enviado por um leitor. Se solicitado pelo autor retiramos do blog de imediato.

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