Vereadora de Campo Grande sofre vaias e manifestação durante discussão sobre descriminalização do aborto

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Luiza Ribeiro (PT), única vereadora mulher de Campo Grande, foi vaiada durante manifestação não permitida pelo regimento interno da Câmara Municipal nesta quinta-feira (5), enquanto se pronunciava sobre a descriminalização do aborto.

Na sessão, a maioria dos presentes eram homens membros de clubes de tiro da cidade, que acompanharam a sessão devido à votação em regime de urgência sobre a regulamentação desses locais.

Ao tentar explicar que a discussão sobre a descriminalização do aborto, proposta pela ex-presidente do STF Rosa Weber, não se refere a permitir que todas as pessoas possam abortar no Brasil, mas sim a não prender mulheres que abortam até a 12ª semana de gestação , Luiza foi vaiada pela plateia. Em seguida, todos viraram de costas.

Antes disso, oito vereadores já haviam expressado suas opiniões sobre a questão e foram ouvidos pela plateia.

Luiza Ribeiro também destacou que como única mulher na Câmara Municipal, ela sente que os homens não compreendem completamente a questão e não promovem políticas públicas adequadas para as mulheres.

Apesar das vaias e da manifestação, o presidente da Câmara, vereador Carlão (PSB), não suspendeu a sessão e emitiu alertas sonoros para lembrar as regras do regimento interno.

Durante a sessão, os membros dos clubes de tiro se manifestaram diversas vezes, batendo palmas e emitindo gritos de apoio, o que também não era permitido pelo regimento interno. O presidente explicou que tais manifestações não eram permitidas.

O STF iniciou o julgamento da descriminalizar do aborto feito por mulheres com até 12 semanas de gestação. A votação foi suspensa temporariamente e será realizada de forma presencial. Até o momento, apenas a ministra Rosa Weber, relatora da ação, votou a favor da descriminalização nesse período de 12 semanas.

Se a decisão for favorável à descriminalização, as grávidas e os médicos envolvidos nos procedimentos não poderão ser processados ​​e punidos. No entanto, isso não implica necessariamente que o procedimento seja oferecido pelo Sistema Único de Saúde ou incluído na legislação, pois tais medidas dependem de resoluções do Poder Executivo e da aprovação no Congresso.

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