Autoridades de segurança pública de Mato Grosso do Sul discutem estratégias para enfrentar a violência contra mulheres

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Autoridades da segurança pública de Mato Grosso do Sul se reuniram na 1ª Conferência Estadual de Delegacias de Atendimento às Mulheres, realizada no Bioparque Pantanal nesta quarta-feira (20). Entre os desafios enfrentados está a necessidade de padronização dos atendimentos nas unidades da Polícia Civil, onde algumas Salas Lilases, voltadas ao acolhimento de vítimas de violência doméstica, ainda são administradas por homens, o que pode gerar revitimização.

A delegada titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Elaine Benicasa, destaca a importância de discutir o conceito de revitimização entre os policiais. “Isso é um problema em todo o país. Muitas pessoas ainda não compreendem completamente esse conceito e suas consequências, por isso é crucial trazer essas discussões para os homens que trabalham nas delegacias”, enfatiza.

Além de promover atualizações, o evento busca capacitar e motivar os servidores que atuam na proteção das mulheres. O trabalho realizado já se tornou referência e o Estado está próximo de deixar as primeiras colocações em registros de feminicídio.

O objetivo principal é claro: capacitar e motivar. No entanto, reconhecemos que ainda há desafios a superar, como a necessidade de padronização em todo o estado. Ainda temos salas lilases sendo geridas por homens. Acreditamos que o Estado sairá das estatísticas dos estados com maior incidência de feminicídio”, reforça a delegada.

Além das instituições de segurança, a Defensoria Pública também marcou presença no evento, por meio do Nudem (Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher), coordenado pela defensora Zeliana Sabala. “É importante que as pessoas conheçam nosso trabalho em defesa das mulheres e saibam que podem contar com nossa atuação em todo o Estado. Estamos aqui para compartilhar o papel da Defensoria na rede de apoio”, acrescenta Zeliana.

Para o governador Eduardo Riedel (PSDB), o enfrentamento da violência contra a mulher começa com o reconhecimento de que ainda há muitos casos registrados em Mato Grosso do Sul, e é responsabilidade da gestão criar políticas públicas para combatê-los.

“Não podemos tolerar a persistência desse tipo de violência nos dias de hoje. Por isso, estamos reforçando políticas públicas nesse sentido, aliadas a estratégias preventivas. Acreditamos que a primeira ação é uma comunicação adequada, com a correta tipificação do crime, para que possamos combater essa violência com a seriedade que a sociedade merece”, ressalta o governador.

Atualmente, o Estado conta com 12 delegacias de atendimento à mulher e 38 Salas Lilás. As demandas relacionadas à violência contra as mulheres têm aumentado significativamente. Apenas em 2023, foram registrados 114 feminicídios tentados e 31 consumados no estado. No ano passado, foram registradas 19.626 ocorrências de violência doméstica em todo o Estado, com mais de 8 mil delas ocorrendo na capital.

Nos primeiros dois meses de 2024, foram registrados 7 feminicídios em Mato Grosso do Sul, sendo 1 caso em Campo Grande. Em comparação com o mesmo período de 2023, quando foram contabilizados 4 casos no estado, houve um aumento de 75%.

Fotos: Bruno Rezende

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