Em Brasília Riedel e Azambuja se reúnem com Bolsonaro e lideranças do PL para discutir alianças para 2026, mas decisão final só em junho

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O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), e o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) se reuniram nesta quarta-feira (21) em Brasília (DF) com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o senador Rogério Marinho (PL-RN). O encontro teve como objetivo discutir articulações políticas para as eleições de 2026.

Durante a reunião, Bolsonaro reiterou o convite para que Riedel e Azambuja deixem o PSDB e se filiem ao PL. Segundo Azambuja, o ex-presidente enfatizou a intenção de fortalecer a chapa do partido, preservando nomes de peso e atraindo novos aliados para as eleições proporcionais, enquanto Riedel seria o candidato na disputa majoritária. “Bolsonaro quer decidir isso em conjunto conosco”, afirmou Azambuja.

Riedel, por sua vez, destacou ao Correio do Estado que está construindo uma ampla frente política, da qual o PL faz parte. “Estamos focados em consolidar nosso arco de alianças, que já inclui PL, PP, PSD, PSB, Republicanos e MDB. A conversa foi nesse sentido, e o convite ao PL foi reforçado”, explicou o governador. Ele, no entanto, afirmou que não há planos imediatos para trocar de partido.

Ambos os tucanos informaram a Bolsonaro que uma decisão final sobre a filiação ao PL será tomada apenas em 5 de junho. A reunião reflete os esforços do ex-presidente e do PL em atrair lideranças regionais para fortalecer a legenda visando o pleito de 2026.

A reunião entre o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o senador Rogério Marinho (PL-RN) em Brasília sinaliza um movimento estratégico no tabuleiro político brasileiro com vistas às eleições de 2026. A possível filiação de Riedel e Azambuja ao PL, bem como a formação de uma aliança política, reflete tendências regionais e nacionais que merecem análise detalhada.

Contexto político e interesses em jogo

O PSDB, conhecido como “ninho tucano”, tem perdido força nacional nos últimos anos, especialmente após as eleições de 2018 e 2022, quando sua influência foi reduzida em comparação com o auge das décadas de 1990 e 2000. Em Mato Grosso do Sul, no entanto, Riedel e Azambuja mantêm uma base sólida, com gestões bem avaliadas e uma coalizão ampla que inclui partidos como PL, PP, PSD, PSB, Republicanos e MDB. A aproximação com o PL, liderado por Bolsonaro, sugere uma tentativa de capitalizar o capital político do ex-presidente, que mantém forte apelo entre eleitores conservadores, especialmente no Centro-Oeste, uma região onde o agronegócio e pautas conservadoras têm peso significativo.

O convite reiterado de Bolsonaro para que os tucanos se filiem ao PL indica uma estratégia do partido de atrair lideranças regionais consolidadas para fortalecer sua chapa em 2026. O PL, que cresceu significativamente após a filiação de Bolsonaro em 2021, busca expandir sua influência em estados estratégicos, como Mato Grosso do Sul, que combina relevância econômica e política. Para Riedel, a aliança com o PL pode garantir apoio de uma base bolsonarista fiel, ampliando suas chances de reeleição ao governo estadual. Para Azambuja, a mudança de partido pode representar uma oportunidade de se posicionar para cargos majoritários, como o Senado, ou até mesmo um papel de destaque no cenário nacional.

Benefícios:

  • Fortalecimento eleitoral: Associar-se ao PL e a Bolsonaro pode atrair eleitores conservadores que não se identificam com o PSDB, mas que aprovam a gestão de Riedel e Azambuja. O Centro-Oeste tem mostrado alinhamento com pautas bolsonaristas, como o apoio ao agronegócio, segurança pública e valores conservadores.
  • Ampliação da coalizão: A aliança com o PL reforça o arco de partidos que já apoiam Riedel, consolidando uma frente ampla que dificulta a oposição em 2026. A menção de partidos como PP, PSD, PSB, Republicanos e MDB indica que Riedel já possui uma base diversificada, e o PL adicionaria um componente ideológico mais à direita.
  • Recursos e visibilidade: O PL, como partido de Bolsonaro, tem acesso a recursos financeiros e estrutura partidária robusta, além de grande exposição midiática. Isso pode ser um diferencial em uma campanha majoritária.

Riscos:

  • Desgaste com o eleitorado tucano: A saída do PSDB, um partido historicamente ligado ao centro e à social-democracia, para o PL, associado ao bolsonarismo e à direita, pode alienar eleitores moderados que apoiam Riedel e Azambuja por sua gestão técnica e menos ideológica.
  • Dependência de Bolsonaro: Vincular-se a Bolsonaro pode ser arriscado, dado que sua popularidade, embora resiliente, enfrenta divisões. Escândalos ou polarização envolvendo o ex-presidente podem respingar na imagem de Riedel, especialmente entre eleitores de centro-esquerda.
  • Conflitos internos no PL: A entrada de dois nomes de peso como Riedel e Azambuja pode gerar tensões com lideranças locais do PL, que podem se sentir preteridas na composição da chapa.

Estratégia do PL e Bolsonaro

Para o PL, a incorporação de Riedel e Azambuja seria um golpe estratégico. Riedel, como governador em exercício, traz a força de uma gestão atual e a possibilidade de liderar uma chapa majoritária competitiva. Azambuja, com sua experiência como ex-governador, agrega credibilidade e pode atrair eleitores que valorizam continuidade administrativa. A estratégia de Bolsonaro de “preservar os nomes mais fortes” e decidir em conjunto reflete uma abordagem pragmática, visando não apenas a eleição estadual, mas também o fortalecimento do PL nas eleições proporcionais (para deputados federais e estaduais), onde a capilaridade do partido pode crescer.

Bolsonaro, por sua vez, busca manter sua influência no cenário político, mesmo sem cargo eletivo. A articulação com lideranças regionais como Riedel e Azambuja é parte de um plano mais amplo para consolidar o PL como principal força de direita no Brasil, especialmente em regiões onde o PT e seus aliados têm menor penetração.

No Mato Grosso do Sul, a eventual filiação de Riedel e Azambuja ao PL pode consolidar o estado como um reduto bolsonarista, dificultando o avanço de partidos de esquerda, como o PT, que já enfrenta desafios na região. A aliança também pode inspirar movimentos semelhantes em outros estados, onde lideranças locais do PSDB ou de partidos de centro podem ser atraídas pelo PL, acelerando a reconfiguração do espectro político brasileiro em direção a uma polarização mais acentuada entre direita e esquerda.

Nacionalmente, o movimento reforça a tentativa do PL de se posicionar como o principal partido de oposição ao governo Lula, especialmente em um contexto em que o PSDB perdeu protagonismo. A data de 5 de junho, mencionada como prazo para a decisão final, sugere que Riedel e Azambuja estão avaliando cuidadosamente o cenário político, incluindo pesquisas de opinião e a evolução da popularidade de Bolsonaro, antes de tomar um passo que pode redefinir suas carreiras.

A possível aliança entre Riedel, Azambuja e o PL, com eventual troca de partido, é um movimento estratégico que reflete tanto os interesses regionais quanto a dinâmica nacional da política brasileira. Para Riedel, representa uma oportunidade de consolidar sua reeleição com uma base mais ampla, mas com o risco de alienar eleitores moderados. Para o PL e Bolsonaro, a incorporação de lideranças regionais de peso é um passo para fortalecer a legenda em 2026. A decisão final, marcada para 5 de junho, será um termômetro da direção que a direita brasileira tomará no próximo ciclo eleitoral, com impactos que podem reverberar além de Mato Grosso do Sul.

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