Ele tem 23 anos, mede 1,66m e honra o ditado de que todo baixinho não gosta de levar desaforo para casa. O atacante Dudu chegou no início do ano ao Palmeiras, caiu nas graças da torcida e tenta deixar para trás um passado cheio de polêmicas, como briga com a mulher e abandono do pai.
Em entrevista ao Estadão, publicada nesta quarta-feira, o atacante falou sobre a expectativa para a decisão desta quarta, quando encara o Santos no jogo de ida da final da Copa do Brasil, na Vila Belmiro, e disse ter dois sonhos: fazer história no Palmeiras e se tornar um exemplo para os filhos Cauê e Pedro Henrique.
Gramado ruim é desafio aos finalistas
Estadão – Como você chega para essa decisão com o Santos?
Dudu – É a segunda final que a gente chega no ano e, de novo, com o Santos. Espero que a gente faça um grande jogo, imponha nosso ritmo e fique com o título. Não podemos mudar nosso estilo de jogo só porque é o Santos. Será um jogo complicado e espero ser mais feliz do que fomos no Paulista.
Estadão -Você acredita que decidir em casa é uma boa vantagem?
Dudu – Com certeza. A torcida do Palmeiras é linda. Eles apoiam a gente até o final e não param de cantar. A gente comenta sobre isso e espero que possamos retribuir o carinho vencendo jogos e sendo campeão.
Estadão -Esperava ser tão bem-recebido pela torcida do Palmeiras?
Dudu – Onde eu vou eles me tratam bem, querem tirar foto comigo e com meus filhos. É muito legal. Espero retribuir isso dentro de campo por muitos anos, quero ficar no Palmeiras. Jogo com vontade, garra e defendo o clube, não por querer aparecer, mas por ser meu estilo e o torcedor vê isso.
Estadão -Você quase foi para Corinthians e São Paulo. Acha que teria sido diferente?
Dudu – Alguns corintianos me encontram e falam que seria melhor eu ter ido para lá, porque seria campeão, mas não seria melhor coisa nenhuma e posso ser campeão aqui também. Sei que fiz o certo ao escolher o Palmeiras e não o Corinthians.
Estadão -A fama de pavio curto e “nervosinho” te incomoda?
Dudu – Não sei porque falam isso. Minha primeira expulsão na carreira foi contra o Santos (no jogo de volta da final do Paulistão deste ano). Podem me provocar à vontade que eu não caio na pilha. Por eu ser um jogador de drible, que vai para cima, me provocam e em todos os jogos eu levo uma entrada forte, mas não conseguem me intimidar assim.
Estadão -Se arrepende daquele empurrão no árbitro Guilherme Ceretta de Lima, na final do Campeonato Paulista?
Dudu – Cara, todo mundo viu o que aconteceu. O Geuvânio e eu não merecíamos ser expulsos. Ele foi muito rigoroso e todo jogador perderia a cabeça jogando uma final, com o time precisando de você para vencer e ver o juiz errar daquele jeito. Difícil de se controlar. Mas, depois de tudo aquilo, eu passei a não reclamar mais com os árbitros e passei a focar só no meu trabalho.
Estadão -Tem torcedor que te compara ao Edmundo. O que pensa disso?
Dudu – Fico feliz, porque o Edmundo é um craque, mas quero que me comparem ao Edmundo como jogador e não pelos problemas fora de campo. Quero conquistar pelo menos a metade do que ele conquistou aqui, e já serei um cara feliz.
Estadão -Sobre a família, é verdade que você não conhece seu pai?
Dudu – (Muda o semblante e fica mais sério) Sim, nunca tive contato com ele, só sei que morreu. Morei com minha avó (Maria Floripa) em Goiânia e fui para o Cruzeiro muito novo. Nunca tive contato com meu pai. Minha mãe morava perto da gente, mas eu não era de ficar na casa dela, porque ela estava sempre trabalhando.
Estadão -Nunca o procurou?
Dudu – As pessoas só vão atrás quando precisam e quando não têm um amor que corresponda. Minha avó e meus tios me deram muito amor e nunca precisei dele (pai). Nem tive curiosidade. Se ele não foi atrás de mim, é porque também não queria saber quem sou eu.
Estadão -Como é o Dudu como pai?
Dudu – Sou muito feliz por ter meus filhos do meu lado. Quando a gente joga na arena, eles vão nos jogos e entram comigo no campo. Minha esposa me ajuda muito e queremos dar uma boa criação para eles serem alguém na vida.
Estadão -Quando vai estourar em campo, pensa que eles podem ver?
Dudu – Claro, tem de pensar e por isso me seguro. No futuro, eles vão querer saber quem era o pai deles e, se tiver coisas ruins para verem, vão querer fazer igual. A gente tem de dar exemplo.
Estadão -Por tudo isso, a confusão com sua mulher é algo que quer apagar da memória (Em 2013, ele foi detido após agredir sua mulher e a sogra. Ele foi condenado a fazer serviços comunitários e pagou uma fiança de R$ 12 mil)?
Dudu – Não foi tudo aquilo que falaram na época, mas, quando é com a gente, falam muita coisa. A maior prova de que não foi nada demais é que estou com ela até hoje e estamos felizes. Me arrependo e me envergonho do que aconteceu e sei que isso não se repetirá.
Estadão -Você é cheio de tatuagens. Tem algum motivo especial?
Dudu – Quando eu jogava no Dínamo de Kiev, não tinha muita coisa para fazer na Ucrânia. Então, para passar o tempo, eu ficava fazendo tatuagem. São mais de 20, nunca parei para contar. Fiz só uma aqui no Brasil. Tem fotos do meu filho, música e desenhos.
Estadão -Dá para prometer uma tatuagem caso seja campeão da Copa do Brasil com o Palmeiras?
Dudu – Acho que sim. Ainda tem espaço e vai ser uma festa bonita se formos campeões.
Estadão