Polícia boliviana entrega líder do pcc, Tio Arantes, à Polícia Federal Brasileira

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Nesta sexta-feira (8), a Polícia boliviana entregou José Cláudio Arantes, conhecido como Tio Arantes, à Polícia Federal do Brasil. Ele era o líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e estava foragido do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira em Campo Grande desde novembro de 2021. Sua prisão ocorreu na Bolívia na última quarta-feira (6).

Foi montada uma operação significativa para a entrega do prisioneiro. A Força Nacional de Luta contra o Crime (Felcn) boliviana bloqueou o tráfego na fronteira entre o Brasil e a Bolívia por cerca de 20 minutos, impedindo qualquer veículo de cruzar a região.

A operação contou com aproximadamente 10 policiais bolivianos altamente armados.

A Polícia Federal brasileira enviou duas viaturas e oito policiais federais para receber Tio Arantes. Devido à sua condição de foragido, ele foi levado diretamente para o presídio estadual em Corumbá, que opera no sistema fechado.

Erick Holguín, comandante da Polícia Nacional boliviana no departamento de Santa Cruz, participou da operação e esteve em Puerto Quijarro, na fronteira com o Brasil, para coordenar a extradição de José Cláudio Arantes.

Holguín afirmou em uma entrevista ao Correio do Estado que a polícia boliviana atua em estreita colaboração com as autoridades brasileiras, compartilhando informações e apoiando as operações. Ele ressaltou que o objetivo é garantir a segurança dos cidadãos bolivianos.

Além de José Cláudio Arantes, outro indivíduo também foi extraditado na manhã desta sexta-feira, identificado como Mariano Pereira Dominick, embora ele também possuísse documentos com o nome Patrício de Araújo Edmilson. As autoridades bolivianas informaram que ele estava na lista vermelha da Interpol. A Polícia Federal está realizando levantamentos de detalhes relacionados a esse indivíduo, mas ainda não divulgou informações específicas sobre o caso.

Prisão

Tio Arantes tem extensa ficha criminal, principalmente por tráfico de drogas, rebeliões e assassinatos. Ele é apontado como tendo participação na morte do advogado William Maksoud Filho, que foi assassinado por um integrante da facção, Rafael Carlos Masqueda, condenado em 2013 pelo crime.

Arantes também foi acusado de liderar a maior rebelião já ocorrida no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, em 2006.

De acordo com informações do comandante da Polícia de Santa Cruz, na Bolívia, coronel Erick Holguín, por volta das 18h30 da última quarta-feira, após um trabalho da inteligência, Tio Arantes foi abordado na capital boliviana por policiais e apresentou documento de identidade brasileiro, com nome de Raildo Teixeira da Silva.

Em análise, os policiais desconfiaram que se tratava de um documento falso e, portanto, decidiram conduzi-lo até uma unidade da Força Especial de Luta contra o Crime (Fuerza Especial de Lucha Contra el Crimen – Felcc) e, neste momento, Tio Arantes apresentou comportamento violento e tentou destruir o celular que estava com ele.

Já nas dependências policiais, trabalhos investigativos apontaram que o documento apresentado realmente era falso e que a identidade real era de José Cláudio Arantes, com uma série de antecedentes criminais e que era um foragido da justiça brasileira, com dois mandados de prisão em aberto para recaptura, expedidos em 2022 e 2023.

Tio Arantes é apontado como um dos implicados no assassinato do advogado William Maksoud, morto a tiros dentro do escritório, em abril de 2006.

O criminalista teria sido morto por determinação do comando do PCC, que lhe dera dinheiro para agir na transferência de um criminoso, tarefa não efetuada.

Em maio de 2006, pouco tempo depois do assassinato de William, integrantes do PCC e de outra facção entraram em confronto na Penitenciária de Segurança Máxima, em Campo Grande, que durou mais de 30 horas. Essa rebelião é considerada a maior do Presídio de Segurança Máxima do Estado.

Mais de 1,3 mil presos participaram do motim. Mulheres e crianças que realizavam visitas foram feitas reféns.

Na ocasião, um dos presos foi decapitado e os presidiários exibiram a cabeça da vítima aos policiais que estavam do lado de fora da unidade. 

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