Decreto publicado nesta terça-feira (09) pelo governo do Estado, estabelece estado de emergência ambiental em Mato Grosso do Sul, pelo período de 180 dias, em resposta às condições climáticas propícias à propagação descontrolada de incêndios florestais, afetando diversas formações vegetais e comprometendo severamente a qualidade do ar.
A assinatura ocorreu durante o 1° Workshop Presencial de Prevenção aos Incêndios Florestais em 2024, organizado pelo Governo do Estado, em colaboração com a Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia) e o Comitê do Fogo de MS (Comitê Interinstitucional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais de Mato Grosso do Sul). Esta medida, já em preparação há pelo menos 15 dias, reflete a percepção do Governo quanto à iminência de uma situação de emergência ambiental em todo o Estado, visando facilitar ações de conscientização, prevenção e combate aos incêndios florestais, especialmente no Pantanal.
A partir deste decreto, o Governo planeja lançar uma campanha de comunicação para sensibilizar a população sobre as condições de seca no Pantanal e os perigos dos incêndios florestais, uma vez que a prática de queimadas é uma tradição em algumas comunidades. O nível extremamente baixo do rio Paraguai, em Ladário, aponta para a iminência do registro do mais baixo nível de seca já documentado em Mato Grosso do Sul. Atualmente, a régua de Porto Esperança indica apenas 7 centímetros, sendo que 35 cm já é considerado um estado de estiagem. Essa situação alarmante pode estar diretamente relacionada às mudanças climáticas e suas consequências nos padrões de temperatura e nos ciclos de chuva.
O pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlos Padovani, há anos monitora o comportamento dos rios de Mato Grosso do Sul, especialmente na bacia do Paraguai, e alerta para a gravidade do cenário atual. Utilizando como referência o nível do rio Paraguai na régua de Ladário, que abrange 80% da baía e possui um histórico de 123 anos, Padovani destaca que, nesta época do ano, o Pantanal deveria estar concluindo o período de cheias e iniciando a estiagem. No entanto, os rios não atingiram os níveis esperados devido às altas temperaturas e à escassez de chuvas, o que impacta diretamente na bacia do Pantanal e, consequentemente, no nível dos rios.
“Apesar das chuvas, estas não têm sido suficientes para infiltrar no solo e encher os rios, devido à irregularidade e ao baixo volume das precipitações, agravados pelas altas temperaturas”, explica o pesquisador. Diante desse cenário de chuvas irregulares e rios em declínio, duas graves consequências se destacam: a dificuldade de navegação na hidrovia e o aumento da propensão a incêndios florestais.