Sequestro e extorsão em Campo Grande: comerciante é alvo de crime planejado por quadrilha em busca de R$ 200 mil

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De acordo com o depoimento prestado à Depac/Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário Cepol) pelo comerciante principal que foi alvo dos sequestradores, o incidente teve origem em um acordo para a compra de celulares. No mês passado, uma mulher chamada Maria, que já havia realizado negócios com o comerciante, trouxe aparelhos ao Camelódromo, recebendo uma quantia de R$ 155 mil.

A mesma pessoa propôs uma nova transação em janeiro, envolvendo 600 aparelhos, totalizando R$ 400 mil. No entanto, para receber os dispositivos, a vítima foi instruída a ir a um local determinado por Maria. O encontro, inicialmente agendado para a noite de 3 de janeiro, foi adiado para a manhã do dia 4.

Ao chegar ao local combinado com mais dois funcionários, todos de 23 anos, o comerciante foi surpreendido por Valdir de Oliveira Lopes Filho, um dos sequestradores. A vítima, que não levou dinheiro consigo, pretendia renegociar o pagamento dos R$ 200 mil acordados anteriormente.

Dentro da residência, o trio foi rendido pelos criminosos armados, que passaram a exigir o pagamento imediato. Diante da negativa da vítima em possuir a quantia, tanto ele quanto seus amigos foram agredidos. Com receio, o comerciante realizou um Pix de R$ 16 mil, cuja transação foi identificada em nome de Tânia Regina Fecho Guimarães, até o momento não vinculada como participante direta ou intermediária no crime.

O encapuzado, identificado posteriormente como sendo o sequestrador que acabou morto pelo Batalhão de Polícia Militar de Choque, Geovane Ferreira de Lima, 27 anos, fez ameaças de morte às três vítimas, mas para isso, falava ao celular, em viva-voz e em reunião com mais pessoas. Essas davam comandos sobre o que fazer com o trio em cárcere.

No relato prestado durante seu depoimento, a vítima do sequestro revelou detalhes angustiantes sobre a ação criminosa. O indivíduo encapuzado retirou o capuz, momento em que Valdir, um dos sequestradores, iniciou uma conversa telefônica que se assemelhava a uma conferência, aparentemente envolvendo mais de cinco pessoas. Durante essa interação, comandos para agressões e exigências de dinheiro eram transmitidos, sendo que em determinado instante, um indivíduo, possivelmente o líder da operação, considerou os R$ 16 mil insuficientes e ordenou a morte da vítima e de seus companheiros, conforme registrado no termo de depoimento.

Após tal instrução, a dupla desligou o celular e deixou o quarto onde as vítimas estavam amarradas para decidir os próximos passos em relação às execuções. Contudo, os três reféns conseguiram se libertar das amarras durante a ausência dos criminosos. Segundo o depoimento, ao perceberem a fuga iminente, as vítimas conseguiram fechar e travar a porta com um sofá. Nesse momento, os criminosos tentaram arrombar a porta e efetuaram um disparo, sem, no entanto, conseguirem abrir, resultando em sua fuga.

Os demais envolvidos na ação, que mantinham contato telefônico com a dupla, ainda não foram identificados. Suspeita-se que possam ser detentos cumprindo pena em regime fechado. No dia do crime e da morte de um dos sequestradores, Geovane, Valdir e Kevelyn da Silva Araújo, 25 anos, foram presos.

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