Prevalecendo o bom senso a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), solicitou a retirada de pauta do projeto que previa reajuste nos subsídios dela própria, da vice-prefeita, secretários e dirigentes de autarquias. A proposta, que seria votada hoje na Câmara Municipal, geraria um custo anual de R$ 87,1 milhões aos cofres do município, segundo simulações da Secretaria Municipal de Administração e Inovação (Semadi).
O projeto, fruto de um acordo entre Prefeitura e Câmara, fixava o salário da prefeita em R$ 35.462,22, um aumento de 67% em relação aos atuais R$ 21,2 mil, mas inferior aos R$ 41.845,48 previstos anteriormente e suspensos por decisão judicial. O reajuste beneficiaria cerca de 474 servidores de alto escalão, como auditores, médicos, procuradores, professores e dentistas, cujos salários dependem do teto definido pelo vencimento da chefe do Executivo.
O recuo foi confirmado pelo procurador geral da Câmara, Gustavo Lazzari, que destacou a necessidade de diálogo com servidores e sindicatos antes de avançar. “Ainda isso tem que ser tratado, então foi retirado de pauta”, afirmou. A decisão vem menos de uma semana após a confirmação do entendimento entre os dois Poderes e ocorre em meio a questionamentos sobre a viabilidade financeira da medida. Ontem, a Procuradoria do Município concluiu que a Prefeitura não tem condições de arcar com o custo adicional de R$ 6,53 milhões por mês a partir de 2026.
O Sindafir, sindicato que representa auditores fiscais, foi informado que a Prefeitura convocará grupos para discutir alternativas que evitem impactos imediatos nas contas públicas. Por ora, segue em vigor a liminar do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), obtida pela própria prefeita, que suspende o reajuste aprovado em 2023.
Com a retirada do projeto, que teria efeito retroativo a 1º de abril de 2025, o debate sobre os tetos salariais no município ganha novo capítulo, enquanto a administração busca equilibrar pressões por aumentos e a saúde financeira da cidade.