Polícia Civil deflagra operação “Miríade” contra crimes relacionados à administração pública

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Na manhã de quinta-feira (29), a Polícia Civil deflagrou a operação “Miríade” com o objetivo de combater crimes ligados à administração pública. A ação foi direcionada a servidores públicos envolvidos na inserção de dados falsos no sistema do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de Mato Grosso do Sul. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em diferentes cidades, incluindo Rio Negro, Campo Grande, Sidrolândia e Miranda.

A investigação teve início após a polícia receber informações sobre um gerente do Detran em Rio Negro que estava envolvido em diversos procedimentos administrativos irregulares, incluindo manipulação indevida do sistema e possíveis fraudes relacionadas a características de veículos. Foi constatado que muitos dos procedimentos suspeitos não existiam, sendo alegado falsamente extravio de documentos.

A Delegacia de Polícia Civil do município, com o apoio da Corregedoria de Trânsito do Detran, descobriu que as fraudes vinham ocorrendo desde 2021, principalmente no que diz respeito à inclusão fraudulenta do chamado “4º eixo” nas especificações dos veículos.

Durante o monitoramento dos investigados, foram obtidas conversas telefônicas em que o esquema criminoso era amplamente discutido, além de informações sobre possíveis remoções ilegais de outros servidores e delegados envolvidos nas investigações. Um ex-funcionário do Detran foi identificado como parte do grupo e responsável por recrutar outros funcionários para participarem das práticas criminosas. Mesmo após sua exoneração, ele continuava atuando em conjunto com o grupo.

A operação resultou na identificação de diversos indivíduos, incluindo funcionários e despachantes, envolvidos nas operações fraudulentas realizadas pela agência do Detran. Foram cumpridos seis mandados de busca domiciliar nas residências e locais de trabalho dos investigados em diferentes cidades.

Com base em decisão judicial, foi decretada a prisão preventiva do ex-funcionário do Detran de Rio Negro, de 49 anos, que era responsável pela agência local. Além disso, foi ordenado o uso de tornozeleira eletrônica para ele, assim como para o vistoriador da agência do Detran em Miranda. O trio envolvido foi afastado e teve o exercício da função pública suspenso.

Apenas em Rio Negro, oito pessoas foram implicadas no envolvimento com as operações fraudulentas conduzidas pela agência. A ação contou com a participação de policiais civis das Delegacias de Rio Negro, Sidrolândia, Miranda, da Corregedoria de Trânsito e da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Relacionados à Atividade Executiva de Trânsito.

O nome “Miríade” dado à operação faz referência a um número grande e indeterminado, refletindo as incontáveis operações fraudulentas identificadas ao longo da investigação. O Detran de Mato Grosso do Sul afirmou, por meio de nota, que a operação é uma continuação das apurações iniciadas dois anos atrás pela Corregedoria da Autarquia. Assim que os primeiros indícios de irregularidade surgiram e a prática criminosa foi constatada, todas as provas foram encaminhadas à Polícia Judiciária, que abriu o inquérito policial.

O diretor-presidente do Detran-MS, Rudel Trindade, reforçou que não compactua com qualquer tipo de irregularidade praticada por servidores do órgão ou por agentes externos. Ele enfatizou que os envolvidos devem ser punidos com o rigor da lei. Os servidores ativos no Detran responderão pelos atos perante a Polícia Civil e serão submetidos a procedimentos administrativos.

Vale ressaltar que, no dia 14 deste mês, o Detran também foi alvo de outra operação da Polícia Civil, denominada Operação “Gravame”. Nessa ação, uma servidora e despachantes foram suspeitos de envolvimento em um esquema de transferência irregular de veículos. Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em Campo Grande e Bela Vista.

Nesse caso, também foi descoberto um esquema de corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica e inserção de dados falsos nos sistemas de informação do Detran. De acordo com as investigações, a servidora de Bela Vista é suspeita de receber propina para realizar transferências irregulares de veículos. Carros e caminhões de outros estados eram direcionados para a agência de Bela Vista para a transferência de unidade federativa ou de propriedade. Com a participação da servidora, os cadastros eram alterados, mesmo sem os veículos terem circulado ou passado por vistoria.

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