Na noite de ontem (7), uma operação de despejo organizada pela Prefeitura Municipal de Campo Grande provocou um forte choque político e social na região da Homex, situada próxima ao Jardim Centro Oeste. A ação, que ocorreu em pleno horário noturno, envolveu a presença de representantes da Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (EHMA) e equipes policiais, algo incomum em operações desse tipo, que geralmente são realizadas durante o dia.
Alexsandra de Lima Coelho, conhecida como ‘Pequena’ e uma liderança comunitária local, denunciou o uso excessivo de força durante a operação. “Eles derrubaram tudo, não deixaram as famílias retirarem nada, foram bastante agressivos com as famílias. Também disseram que, se não saíssemos, iam usar tiros de borracha”, relatou Coelho.
A desocupação foi motivada pela regularização da área, um processo que havia sido aprovado pela Câmara Municipal de Campo Grande em março de 2023. O terreno, que era uma propriedade particular, foi adquirido pela Prefeitura após uma permuta com a empresa Homex devido a dívidas pendentes. A área estava ocupada irregularmente há sete anos.
A Prefeitura havia anunciado anteriormente que estava conduzindo um levantamento topográfico da região e mapeando as características do terreno, além de detalhar o prazo de pagamento das prestações para o terreno regularizado. No entanto, até o momento, não houve um pronunciamento oficial da Prefeitura sobre a razão da desocupação noturna.
Dentro da comunidade Homex, as famílias ocupantes, algumas das quais viviam em casas que abrigavam mais de uma família, encontraram na ocupação uma solução para garantir um espaço próprio. A intervenção noturna da EHMA, apoiada por policiais e guardas municipais, resultou na demolição das residências, intensificando o debate sobre a abordagem da administração municipal em questões de regularização fundiária e direitos habitacionais.
A situação levanta questões sérias sobre a gestão das políticas habitacionais em Campo Grande e a forma como a Prefeitura lida com a regularização de áreas ocupadas. O episódio evidencia a necessidade de uma revisão nas práticas de despejo e um diálogo mais efetivo entre as autoridades municipais e as comunidades afetadas.
(Foto: Marcos Maluf)
