Dezenas de amigos, em grande parte colegas de profissão, estiveram na tarde de hoje (5) no velório da atriz Marilia Pêra, que morreu na manhã deste sábado, aos 72 anos, de um câncer no pulmão. O velório ocorreu na casa de espetáculos que leva o nome da atriz, a Sala Marília Pêra do Teatro do Leblon, na zona sul do Rio.
O acesso ao teatro foi restrito até às 15h30 a familiares e amigos. Somente a partir desse horário é que foi permitida a entrada de fãs e de jornalistas, antecedendo a saída do corpo para o sepultamento, marcado para às 17h no Cemitério São João Batista, em Botafogo, também na zona sul carioca.
No ano passado, já enfraquecida pela doença, Marília Pera dirigiu a atriz Cláudia Ohana numa remontagem da peça Callas, que a própria Marília havia interpretado em 1996, sobre a vida da célebre cantora lírica Maria Callas. Ao chegar para o velório, Claudia Ohana lembrou que, mesmo doente, Marília não perdeu a firmeza. “Ela estava bem fraca, mas era muito exigente, com o horário, com a fala, com o texto. Ela era muito firme, mas com a voz calma, sempre doce. Por causa dela, eu ganhei coragem para fazer um monólogo”, contou a atriz.
Outra atriz, Joana Fomm, não conseguiu conter a emoção ao falar da colega, com quem chegou a contracenar em um especial da TV Globo. “A Marília foi uma das maiores atrizes do mundo”, disse Joana, com a voz embargada. “Ela foi muito bacana comigo quando atuamos juntas. Também foi muito generosa comigo quando eu estive doente. Marília era uma pessoa especial”.
A atriz Nicette Bruno chegou de braços dados com as filhas, as também atrizes Beth Goulart e Bárbara Bruno. “Marília merece a nossa homenagem por tudo que fez pelo teatro, pela arte e pelo Brasil”, declarou Beth Goulart, ao entrar para o teatro onde o corpo foi velado.
Estiveram também no velório os atores Miguel Falabella, Marcos Caruso e Gracindo Júnior e as atrizes Arlette Salles, Cássia Kiss e Marieta Severo.
“Estou pasma com a perda de uma das maiores atrizes brasileiras, quando ainda se esperava muito dela”, disse a ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda, em declaração postada em seu perfil no Facebook. “Acompanhei a carreira de Marília Pera desde, praticamente, o início e sempre notei nela uma atriz única, inimitável, com humor, leveza, força e intensidade, com total domínio do personagem e de tudo que se passava em cena. Era absolutamente sensacional assisti-la atuando”, afirmou.
Uma das últimas participações de Marília Pera foi no programa Kinoscope, da Rádio MEC FM, da EBC no Rio de Janeiro. A entrevista foi feita pelo produtor e apresentador Fabiano Canosa, em setembro passado na casa da atriz, em Ipanema, e foi ao ar em 15 de outubro último.
Marília revelou detalhes de sua trajetória ao apresentador do programa, dedicado à música feita para o cinema. Canosa abriu o programa com um sucesso de Carmen Miranda na voz de Marília, que também relembrou as outras cantoras que reviveu no teatro, como Dalva de Oliveira, Ellis Regina e Maria Callas.
Ainda no programa, que vai ao ar às quintas-feiras, às 22h, Marilia Pêra falou do filme Pixote, de Hector Babenco, que lhe valeu em 1981 o prêmio da Sociedade Nacional de Críticos dos Estados Unidos. Na película, a atriz interpretou a prostituta Sueli. “Um radialista perguntou se eu era prostituta mesmo. Fui fazer uma entrevista na rádio e ele perguntou. E eu falei: que elogio!”, lembrou.