Moradores do Jardim das Nações protestam por falta de infraestrutura e sofrem retaliação da Prefeitura de Campo Grande

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A população do Jardim das Nações, em Campo Grande, tem aguardado por mais de duas décadas a pavimentação das ruas e melhorias em infraestrutura básica. Recentemente, moradores colocaram faixas de protesto no bairro, solicitando asfalto, a conclusão de obras de unidades de saúde e a disponibilização de medicamentos nos postos. No entanto, uma equipe da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) foi flagrada removendo algumas dessas faixas, provocando indignação entre os residentes.

Imagens de câmeras de segurança foram compartilhadas nas redes sociais, mostrando caminhões da Sisep removendo duas das 11 faixas instaladas. Essa ação foi vista como um ato contrário à manifestação democrática dos moradores. Wanderlei Shinaider, presidente do bairro, relatou à Revista A Foto que a ação ocorreu em abril, logo após os moradores terem se reunido e financiado as faixas através de uma vaquinha.

“Colocamos 11 faixas espalhadas pelo bairro, nas entradas, e cada uma tinha uma solicitação: asfalto, remédio nos postos de saúde, cascalho, e conclusão da obra da escola de tempo integral inacabada”, explicou Shinaider. Ele mencionou que duas faixas foram retiradas dois dias após serem colocadas, mas graças às imagens de segurança, as faixas foram recuperadas e reinstaladas.

Shinaider, que atua como líder comunitário desde 2005, afirmou que a manifestação foi uma forma legítima da comunidade se fazer ouvir, já que, em mais de duas décadas, inúmeras promessas não foram cumpridas. “Estamos cansados de tantas promessas. Antes de tomar tal atitude, tentamos reunião com a prefeita, mas não fomos ouvidos”, lamentou.

Após a retirada das faixas, os moradores foram convocados para uma reunião com a gestão municipal, onde foram informados que a responsabilidade pelo problema não seria da prefeitura, mas sim dos deputados e senadores. Contudo, a comunidade insiste que a prefeitura deve fornecer respostas, especialmente considerando a localização do bairro, que abriga o Centro de Pesquisa da Fiocruz e fica próximo à UFMS.

Os moradores destacam que o custo da obra de pavimentação mais que dobrou desde 2017, passando de R$ 8 milhões para R$ 19 milhões, sem explicação clara para o aumento. Shinaider e outros residentes, como o advogado Fernando Silva, expressam frustração com a falta de ação e respostas da prefeitura.

Fernando criticou a retirada das faixas pela prefeitura, considerando-a uma violação do direito de protesto. “É complicado quando você, de maneira democrática e sem ofender, faz as faixas, coloca e a própria prefeitura vai lá e tira. Cerceia a sua liberdade de protesto, de cobrança”, disse ele, enfatizando que as faixas apenas refletiam as necessidades e demandas dos moradores.

Até o momento a Prefeitura não se manifestou, o espaço no Estado Diário segue aberto.

Crédito da imagem: A Foto

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