Na manhã desta sexta-feira (26), momentos antes da realização da 3ª audiência de instrução do polêmico “Caso Sophia”, as equipes de acusação e defesa de Stephanie de Jesus Da Silva se encontraram no corredor que levava à sala da 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande. Ambas as partes pretendem utilizar as informações contidas no laudo necroscópico da criança para determinar o destino da mãe e do padrasto de Sophia, Stephanie e Christian Campoçano Leitheim, respectivamente.
Após a suspensão da 2ª audiência, em 19 de maio, o juiz Carlos Alberto Garcette decidiu que os interrogatórios seriam realizados a portas fechadas, sem a presença do público e da imprensa. A reunião entre as partes encerrou por volta das 17h30, após o depoimento de oito testemunhas de defesa. Stephanie e Christian estiveram presentes, mas não prestaram depoimento. “Foi encontrada uma foto que contradiz o horário da morte, tirada pela Stephanie antes de Sophia ser levada à UPA. Essas provas irão refutar o que está no laudo, incluindo a alegação de que Stephanie teria levado Sophia muito tempo depois da hora da morte da criança”, afirmou Camila Garcia, advogada de defesa de Stephanie.
No entanto, a assistente de acusação, Janice Andrade, demonstrou que a acusação também se concentrará no horário da morte da criança, mas com o objetivo oposto: provar que Sophia foi assassinada entre as 7h e 9h do dia 26 de janeiro. Essa informação foi contestada novamente pela advogada da mãe, Katiussa do Prado Jara, que considerou o documento inconsistente por não apontar o horário específico do falecimento de Sophia.
“O que temos é que, no final do laudo, menciona-se que a morte pode ter ocorrido horas antes do término do documento. Levando em consideração que o laudo foi concluído em 27 de janeiro às 9h30, ou seja, um dia após a morte, os horários realmente não coincidem”, completou Jara.
O médico legista responsável pelo laudo foi chamado para depor, mas preferiu não conceder entrevistas. Ele limitou-se a afirmar que o laudo que assinou é consistente. Tanto a defesa quanto a acusação estão preocupadas com o horário específico da morte de Sophia, pois ele pode determinar se o caso será tratado como homicídio qualificado e levado a júri popular.
Caso o juiz considere que se trata de homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar, ou mesmo lesão corporal seguida de morte, por exemplo, será proferida uma sentença de impronúncia, e os réus serão julgados em uma vara comum, sem a realização de júri popular. A assistente de acusação, Janice Andrade, também apontou que a mãe de Stephanie e avó de Sophia, Delziene da Silva de Jesus, mentiu durante seu depoimento no Tribunal do Júri em 17 de abril.
O Ministério Público iniciará uma investigação para determinar se seu depoimento foi verdadeiro, e se ficar comprovado que ela mentiu, Delziene poderá responder por falso testemunho e omissão.
A defesa de Stephanie optou por não comentar o assunto. “A família não está dando apoio a ela, então preferimos não fazer comentários”, declarou Camila Garcia.