Mato Grosso do Sul registra mais de 5 mil casos de violência contra a mulher e 7 feminicídios em 2025

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Os alarmantes dados do recém-criado “Monitor da Violência Contra a Mulher” revelam que Mato Grosso do Sul já contabilizou 5.273 casos de violência contra a mulher em 2025, incluindo 7 feminicídios até o mês de março. A ferramenta tem se mostrado crucial para orientar políticas públicas e ações de combate à violência de gênero, fornecendo informações essenciais para a criação de estratégias de prevenção e repressão.

Campo Grande lidera o ranking das cidades com maior número de registros, totalizando 1.922 casos. Em seguida, aparecem Dourados (457), Três Lagoas (246) e Corumbá (230).

Além dos milhares de casos de violência, o estado encerrou o primeiro trimestre de 2025 com um total de sete feminicídios. Destes, cinco ocorreram em fevereiro e dois em março, em um período de 53 dias. As sete vítimas, com idades entre 28 e 65 anos, foram mortas por diferentes formas de violência, incluindo disparos de arma de fogo, golpes de faca, estrangulamento e espancamento.

Casos de Feminicídio em Detalhe:

  • 4 de fevereiro, Caarapó: Karina Corim, 29 anos, foi assassinada a tiros pelo ex-marido, Renan Dantas Valenzuela, que também matou a amiga de Karina, Aline Rodrigues, e posteriormente cometeu suicídio.
  • 12 de fevereiro, Campo Grande: A jornalista Vanessa Ricarte, 42 anos, foi esfaqueada pelo ex-companheiro, Caio Nascimento Pereira, horas após solicitar uma medida protetiva e retornar brevemente à sua residência.
  • 18 de fevereiro, Dourados: Juliana Domingues, 28 anos, foi morta a golpes de facão pelo marido, Wilson Garcia, em um crime presenciado pelo filho pequeno da vítima.
  • 22 de fevereiro, Água Clara: Miriele dos Santos, 28 anos, foi estrangulada pelo ex-namorado, que confessou o crime e indicou a localização do corpo em uma área de mata.
  • 24 de fevereiro, Juti: Emiliana Mendes, 65 anos, foi espancada até a morte pelo marido, que fugiu mas foi posteriormente preso em outra cidade.
  • 1º de março, Campo Grande: Gisele Cristina Oliskowski, 40 anos, foi assassinada a facadas pelo ex-companheiro dentro de sua residência. O autor se entregou à polícia.
  • 29 de março, Nioaque: Alessandra da Silva Arruda, 30 anos, foi morta com um tiro disparado pelo marido, que alegou acidente, mas foi preso e indiciado por feminicídio.

Ampliação do Atendimento Especializado: Salas Lilás

As Salas Lilás, espaços criados dentro de delegacias para oferecer atendimento humanizado e especializado a mulheres vítimas de violência doméstica, são consideradas cruciais no enfrentamento à violência de gênero. Atualmente, 49 dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul contam com o serviço, incluindo Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá e Ponta Porã, além de cidades menores.

No entanto, 30 cidades do estado ainda não possuem a Sala Lilás, como Alcinópolis, Bandeirantes, Inocência, Itaquiraí, Nioaque, Ladário e Selvíria. A expansão dessas salas é vista como fundamental, especialmente em regiões mais distantes dos grandes centros urbanos.

Em Inocência, o prefeito Toninho da Cofapi (PP) informou que há um projeto em elaboração para fornecer atendimento qualificado às mulheres, abrangendo saúde, assistência social e educação. Já a prefeitura de Nioaque esclareceu que a implementação da Sala Lilás é de responsabilidade do Governo do Estado, mas que o município oferece amparo e atendimento por meio do CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social).

Ponta Porã, que já conta com a Sala Lilás, terá a implantação da Casa da Mulher Brasileira, com obras previstas para iniciar ainda em 2025 e conclusão em 2026, atendendo também a população da vizinha Pedro Juan Caballero, no Paraguai.

Medidas Nacionais e Alerta do STF

O Governo Federal também tem avançado no combate à violência contra a mulher, com o lançamento, em março de 2025, do Programa Nacional das Salas Lilás, visando a instalação de mais espaços especializados em delegacias de todo o Brasil. A ministra Cida Gonçalves enfatizou a necessidade de um esforço conjunto entre Estado e sociedade para garantir atendimento digno e eficaz a todas as mulheres.

A ministra Cármen Lúcia, do STF, recentemente classificou a situação da violência contra a mulher no Brasil como uma “guerra”, reforçando que é preciso um sistema mais rigoroso, o fortalecimento das redes de apoio e o endurecimento das punições contra os agressores para mudar essa realidade.

Denuncie

Em caso de flagrante violência ligue para a Polícia Militar pelo disque 190.

Denúncias e informações: ligue 180.

Patrulha Maria da Penha: ligue 153.

Casa da Mulher Brasileira: Rua Brasília, lote A, quadra 2 – Jardim Imá. Telefone: 2020-1300.

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