A prefeitura tem ignorado a decisão, e as mães pedem que os vereadores tomem medidas para fiscalizar a gestão municipal.
Na manhã de segunda-feira (17), dez mães foram até a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e, após não serem atendidas, dirigiram-se à Câmara Municipal, onde ocorria uma audiência pública sobre saúde mental. Entre as mães estava Lili Daiane Ricalde, de 42 anos, cujo filho de oito anos é autista e tem um defeito congênito na medula espinhal. Segundo Lili, há dois anos não recebe os suprimentos necessários para seu filho, apesar da liminar de 2019. “Desde 2022 nada foi entregue, e toda vez que cobramos dizem que estão em processo de licitação,” relatou.
Rosana Brandão, de 37 anos, enfrenta uma situação semelhante. Mãe solo de uma criança de 10 meses com espinha bífida e problemas intestinais e urinários, ela tem recorrido a doações e empréstimos para comprar as fraldas necessárias. “A gente tem que se virar para não deixar faltar,” afirmou Rosana. O benefício do BPC/Loas que recebe é destinado ao plano de saúde da criança, mas os demais gastos pesam no orçamento.
Elizabete Garcia, de 43 anos, conseguiu na Justiça que o Estado fornecesse suplementos alimentares para sua filha de 11 anos por seis meses, mas a prefeitura não tem cumprido sua parte desde janeiro. Para garantir o suplemento, que custa R$ 140 por lata, Elizabete fez uma rifa. “A gente acaba se ajudando, mas agora ninguém tem para compartilhar,” disse Elizabete.
Elisangela de Souza, de 41 anos, mãe de uma criança de oito anos com múltiplas condições graves, enfrenta gastos altos com leite especial e medicamentos, apesar de uma liminar que deveria garantir esses suprimentos. “Mesmo tendo uma liminar, estamos nessa luta. Não sabemos para onde está indo esse dinheiro,” comentou.
O sofrimento dessas famílias é agravado pela falta de ação da prefeitura de Campo Grande. Desde março, as mães têm protestado nas ruas e buscado ajuda do Ministério Público, mas a administração municipal continua a negligenciar suas responsabilidades.
A omissão da prefeitura não só viola decisões judiciais, mas também expõe a fragilidade do sistema de saúde pública local. A gestão municipal, liderada pelo prefeito Marquinhos Trad, tem se mostrado ineficiente e descomprometida com as necessidades das famílias mais vulneráveis da cidade.
É urgente que os vereadores e outras autoridades municipais intervenham para garantir que as decisões judiciais sejam cumpridas e que as crianças recebam os cuidados necessários. A falta de comprometimento da prefeitura de Campo Grande não pode continuar a penalizar famílias que já enfrentam desafios imensos no dia a dia.
A reportagem procurou a Prefeitura Municipal de Campo Grande para comentar a situação e aguarda um retorno. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.
Fonte Campo Grande News