“Mãe, tem como voltar no tempo?”: a dor de criança após amputação em acidente na BR-262

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A frase dita por uma menina de apenas 6 anos, logo após o grave acidente na BR-262, entre Corumbá e Miranda, revela a profunda dor e a inocência diante da tragédia familiar: “Mãe, tem como voltar no tempo?” A colisão entre um ônibus da Viação Andorinha e um caminhão, na manhã de domingo (15), resultou na amputação da perna direita da criança.

Em entrevista ao Campo Grande News nesta terça-feira (17), Yuri Polastri de Campos, técnico em automação industrial, de 30 anos e pai da menina, relatou os momentos de lucidez da filha ainda presa à cadeira do ônibus. “Ela também disse: ‘A gente poderia ter vindo de carro, né?’ e ‘Eu podia ter trocado de lugar com você'”, lembrou Yuri, descrevendo a angústia da filha.

Duas horas presa e a luta pela perna

A menina viajava com a mãe, enquanto Yuri havia apenas as deixado na rodoviária. Durante o trajeto, uma barra de ferro se soltou da carroceria do caminhão, atravessou o para-brisa do ônibus e atingiu diretamente a criança. Segundo o pai, a filha ficou presa por cerca de duas horas até a chegada do socorro, um período crucial que comprometeu a circulação sanguínea.

A menina e a mãe foram levadas ao hospital de Corumbá. Embora a barra metálica não tenha atingido órgãos vitais, a lesão na perna foi gravíssima. Já em Campo Grande, na Santa Casa, os médicos constataram que a circulação havia sido interrompida por tempo prolongado.

“Os médicos explicaram que, se a irrigação de sangue não volta em até quatro horas, o membro pode ser perdido. No caso dela, isso foi ultrapassado, e mesmo com tentativas de reconstrução da artéria, não houve resposta”, explicou Yuri. A dolorosa decisão da amputação transfemoral (acima do joelho) foi inevitável.

Sonho de bailarina e luta por sobrevivência

Atualmente, a menina segue sedada na UTI pediátrica da Santa Casa, em estado instável, e ainda não tem conhecimento da amputação. Yuri revelou que a filha sempre sonhou em ser professora de balé, um sonho agora cercado por um futuro incerto.

“As próximas 48 horas são decisivas. Ela perdeu muito sangue, está recebendo medicamentos para manter a pressão e segue sob monitoramento intenso para evitar infecções ou falência de órgãos”, explicou o pai, demonstrando a gravidade do quadro.

Apesar do cenário difícil, Yuri enaltece a força de sua filha e da mãe dela. “A equipe de resgate elogiou a calma e a colaboração dela durante o atendimento. E a mãe tem sido a nossa base. Mesmo abalada, tem se mantido firme”, concluiu, ressaltando a resiliência familiar diante da tragédia.

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