Corumbá, cidade que ostenta a terceira maior arrecadação do Estado de Mato Grosso do Sul, enfrenta uma crise de ineficiência na prestação de serviços básicos, destacando-se entre os piores municípios do Brasil nesse quesito. Apesar de seu orçamento anual de quase um bilhão de reais, a cidade está em posições alarmantes tanto no cenário estadual quanto no nacional. O dado mais recente do Ranking de Eficiência elaborado pela Folha de São Paulo coloca Corumbá na 4.355ª posição entre mais de cinco mil municípios brasileiros, revelando a desconexão entre sua receita robusta e a qualidade dos serviços públicos.
A crise de gestão pública em Corumbá já vinha sendo alertada em levantamentos anteriores. Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o município foi classificado como a pior gestão financeira dos últimos 10 anos no Estado. Tal classificação reflete diretamente a falta de retorno em serviços essenciais como educação, saúde e saneamento, direitos garantidos pela Constituição e que deveriam ser atendidos com maior eficácia, dado o montante financeiro arrecadado.
Arrecadação alta, serviços ineficientes
Corumbá ocupa apenas a 53ª posição em nível estadual no ranking de eficiência, ficando atrás de cidades com arrecadações significativamente menores, como a vizinha Ladário, que aparece na 2.247ª colocação nacional. O contraste entre essas duas cidades é gritante, evidenciando que a má gestão e a falta de planejamento adequado têm impactado diretamente a qualidade de vida dos corumbaenses, que não veem seus recursos serem revertidos em serviços públicos satisfatórios.
O levantamento utilizou dados consolidados e comparativos com o apoio de instituições de renome como USP, FGV e Insper, e considerou quatro grandes áreas de impacto: educação, saúde, saneamento e finanças. Em todas essas categorias, a performance de Corumbá foi aquém do esperado para um município com tamanho potencial arrecadatório.
Educação e saúde: um cenário preocupante
Na educação, foi observado um déficit significativo, com percentuais insuficientes de crianças matriculadas na rede pública de ensino, principalmente na faixa etária de 0 a 5 anos, o que compromete o desenvolvimento infantil e a garantia de um futuro melhor para a população local. Já na saúde, a cobertura por equipes de atenção básica e a relação de médicos por habitante estão muito abaixo da média nacional, o que tem gerado graves consequências para o atendimento da população.
Saneamento básico: um desafio crônico
A situação do saneamento em Corumbá também é precária. O percentual de domicílios conectados à rede de fornecimento de água e esgoto está longe de atender a demanda da população, assim como o serviço de coleta de lixo, o que agrava a qualidade de vida da cidade. Esses números se tornam ainda mais alarmantes quando comparados a cidades que arrecadam menos, mas que apresentam uma eficiência muito maior em políticas públicas.
Conclusão
A discrepância entre a arrecadação de Corumbá e a qualidade dos serviços prestados evidencia um problema crônico de gestão. A incapacidade de transformar receita em resultados eficientes aponta para a urgência de uma reavaliação das prioridades da administração pública local. Em um Estado onde a desigualdade social ainda é uma questão latente, a ineficiência na gestão de uma cidade com tantos recursos se torna não só uma questão local, mas também um reflexo de falhas estruturais que precisam ser corrigidas com urgência.
Enquanto a população continua a sofrer com a precariedade dos serviços básicos, a falta de responsabilidade com o uso dos recursos públicos permanece como uma mancha na história de um dos municípios mais ricos do Mato Grosso do Sul. O desafio é claro: Corumbá precisa de uma gestão que valorize não apenas seu potencial econômico, mas principalmente o bem-estar de seus cidadãos.
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Fonte FolhaMS