A união do ar seco e frio, características típicas do outono, traz consigo o potencial de agravar doenças respiratórias. Após um surto que atingiu principalmente os bebês em março, hospitais públicos e privados estão novamente lotados, e especialistas alertam para a ocorrência de pneumonias bacterianas. Crianças e idosos são considerados grupos de risco para essas doenças.
O atual cenário se assemelha ao de meses atrás. Vírus que deixaram de circular nos últimos anos, devido ao distanciamento social, voltaram com mais força e encontraram pessoas com menos resistência. O resultado é a sobrecarga nos postos de saúde e hospitais, com pacientes apresentando sintomas respiratórios.
O pneumologista Ronaldo Perches explica que o ar seco e frio diminui as defesas das vias aéreas, provocando inflamação e aumentando as chances de complicações por infecções mais graves. Esse cenário é comum nos meses entre maio e julho, quando as temperaturas amenas e a baixa umidade do ar são mais intensas.
“Os vírus estão mais fortalecidos devido aos últimos anos de distanciamento social. Esses vírus diminuem a imunidade de crianças e idosos, e podem ocorrer pneumonias bacterianas oportunistas, que aproveitam essa queda de resistência como oportunidade para infecções graves”, explica o médico pneumologista. Em Mato Grosso do Sul, foram registradas 3.420 internações por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em 2023, e 28 pessoas não resistiram aos sintomas e faleceram, de acordo com dados da SES (Secretaria Estadual de Saúde).
As crianças de zero a nove anos e os idosos acima de 70 anos são as principais vítimas da SRAG, que pode ser agravada pela influenza ou outros vírus, como o sincicial respiratório, que afeta principalmente crianças de zero a dois anos e pode levar à morte.
A pneumonia é uma doença inflamatória aguda que afeta os pulmões e pode ser causada por bactérias, vírus, fungos ou pela inalação de produtos tóxicos. Essa doença é uma das complicações que podem levar à internação de pacientes com SRAG.
Em Campo Grande, até o dia 20 de maio, foram notificados 1.462 casos de SRAG, sendo que em 87 casos foram identificados os vírus Influenza A ou B, e em 168 casos o vírus da Covid-19. Do total de casos registrados, 496 são SRAG não especificadas, ou seja, não foi identificado o agente causador, seja vírus ou bactéria, da síndrome. Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, os principais sintomas da pneumonia são tosse com produção de expectoração, dor torácica que piora com os movimentos respiratórios, mal-estar geral, falta de ar e febre.
Para o diagnóstico da pneumonia, é necessário realizar exame clínico, auscultação dos pulmões e radiografias de tórax.
O tratamento varia de acordo com o micro-organismo causador da doença. Nas pneumonias bacterianas, é necessário o uso de antibióticos. Na maioria dos casos, quando a pneumonia é causada por vírus, o tratamento inclui apenas medicamentos para aliviar os sintomas, como febre e dor, sendo necessário o uso de medicamentos antivirais em casos mais graves.
É crucial destacar que, se não tratada adequadamente, a pneumonia pode evoluir para um quadro mais grave e até mesmo fatal. Portanto, é fundamental buscar atendimento médico ao apresentar sintomas respiratórios e seguir as orientações dos profissionais de saúde para o diagnóstico e tratamento adequados.