A fronteira entre Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e Porto Quijarro, na Bolívia, será fechada temporariamente neste domingo (15) devido às eleições judiciais no país vizinho. Mais de 7,3 milhões de bolivianos estão convocados a participar do processo eleitoral que definirá 19 dos 26 magistrados para tribunais como o Supremo Tribunal de Justiça, o Tribunal Constitucional, o Tribunal Agroambiental e o Conselho da Magistratura.
De acordo com o jornal boliviano El Deber, a interdição da fronteira está prevista para começar na madrugada de domingo. Durante o período de votação, a circulação de veículos será restrita, exceto para aqueles devidamente autorizados, conforme determinação do Tribunal Superior Eleitoral boliviano.
O processo eleitoral ocorre em um contexto conturbado, após adiamentos das convocações e prorrogação dos mandatos dos magistrados em exercício. Desde 2011, a Bolívia é o único país onde cidadãos elegem diretamente os altos magistrados. Nesta terceira edição das eleições judiciais, os eleitores escolherão entre mais de 90 candidatos selecionados previamente pelo Parlamento boliviano.
O pleito deveria ter ocorrido em 2023, mas foi adiado diversas vezes. Nas eleições anteriores, em 2011 e 2017, os votos nulos predominaram, refletindo protestos contra a suposta influência do partido governista sobre os candidatos.
Na Bolívia, o voto é obrigatório, e a ausência no pleito pode acarretar multa de 500 bolivianos (cerca de R$ 450), além de restrições como impedimento para realizar transações bancárias e acessar documentos públicos. Para votar, é necessário apresentar um documento de identificação válido.
A eleição reforça a singularidade do sistema boliviano e ocorre sob expectativas de participação e manifestações políticas dos eleitores, em um cenário que combina democracia e desafios institucionais.