A família de uma garotinha que faleceu em janeiro deste ano ficou chocada e revoltada com uma proposta da Prefeitura de Campo Grande de nomear um complexo de acolhimento para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco de violência como “Casa Sophia”, em homenagem à menina. Jean Carlos Ocampo da Rosa, pai da criança, e Igor de Andrade, considerado pai afetivo da garotinha, alegam que não foram consultados anteriormente e que a iniciativa parece uma promoção política e religiosa, uma vez que a prefeita fez o anúncio ao lado de um pastor evangélico.
A morte da criança em janeiro deste ano trouxe à tona um processo longo e lento em que a pequena Sophia é suspeita de ser vítima de violência, e em decorrência disso perdeu a vida; desde então audiências públicas foram realizadas em busca de soluções para o sistema de proteção à criança e ao adolescente. A família também criticou a interferência de igrejas evangélicas nas eleições para conselheiros tutelares, acusando abuso de poder religioso.
Para a família, o Conselho Tutelar, em relação as suspeitas de agressão cometida pelo padrasto da menina, foi negligente em sua atuação. Portanto, a tentativa de homenagem proposta pela prefeitura foi vista como desrespeitosa e provocativa. A família já informou à prefeitura que não autoriza o uso do nome e da imagem da garotinha para esse fim e está disposta a tomar medidas legais, se necessário, para impedir a nomeação do complexo de acolhimento em sua homenagem.
O caso
Para a investigação policial e o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a criança foi espancada até a morte pelo padrasto, Christian Campoçano Leitheim, 26, depois de uma vida recebendo “castigos” físicos, além de ser vítima de violência sexual. Ele responde por homicídio e estupro. Já a mãe da menina, pelo assassinato, como o Christian, mesmo que não tenha agredido a filha, mas porque, no entendimento do MP, ela se omitiu do dever de cuidar. No início deste mês, ambos também foram denunciados pelo crime de tortura.
Prefeitura
Através da assessoria de imprensa, o Executivo municipal informou que Jean Ocampo não precisará ir à Justiça. “A Prefeitura informa ainda que respeita o desejo da família e que irá acatar o pedido para que não seja usado o nome para a unidade”.
A administração municipal não deu ainda detalhes sobre a inauguração. Informou apenas que não se trata de abertura de uma nova unidade de acolhimento em Campo Grande, mas a ampliação da “política pública de assistência dentro da Unidade de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes – Uaica 1”. O local já foi reinaugurado uma vez, em 2019, na gestão de Marquinhos Trad (PSD), quando Adriane ainda era vice-prefeita.
Por motivos de segurança, o local do abrigo não foi informado. Hoje, a casa acolhe crianças de 0 a 3 anos. Segundo informado pela prefeita na manhã de hoje, o espaço passará a receber vítimas com até 14 anos e 11 meses.