Claudinho Serra (PSDB), ex-vereador de Campo Grande e apontado como principal articulador de um esquema de fraude em licitações na Prefeitura de Sidrolândia, é alvo de um mandado de prisão na 4ª fase da Operação Tromper, deflagrada na manhã desta quinta-feira (5).
Equipes do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) estão, desde cedo, na residência do político, localizada em um prédio de luxo no bairro Jardim dos Estados, em Campo Grande. Conforme apurado, Claudinho foi preso preventivamente.
Esquema Persistiu Mesmo Após Fases Anteriores
O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) deflagrou esta nova fase com três mandados de prisão e 29 de busca e apreensão em Campo Grande e Sidrolândia. A ação visa aprofundar as investigações que apuram fraudes em licitações e contratos administrativos da prefeitura de Sidrolândia, após a descoberta de que o esquema criminoso continuou ativo mesmo após as fases anteriores e a aplicação de medidas cautelares.
Os contratos sob investigação, que envolvem empresas do ramo de engenharia e pavimentação asfáltica, já somam aproximadamente R$ 20 milhões. Esta nova fase decorre do desdobramento das investigações, que reuniram elementos que comprovam o pagamento de grandes quantias em propina a agentes públicos, além de crimes de ocultação e dissimulação da origem ilícita dos valores.
Claudinho Serra e outros cinco réus no esquema – Carmo Name Júnior (assessor de Claudinho), Ricardo José Rocamora Alves (empresário), Ana Cláudia Alves Flores (ex-pregoeira), Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa (ex-servidor municipal) e Thiago Rodrigues Alves (ex-servidor municipal) – deveriam continuar com tornozeleira eletrônica até 16 de novembro, conforme decisão judicial proferida em março pelo juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia.
Claudinho Serra retorna à prisão pouco mais de um ano após sua primeira detenção, ocorrida em abril de 2024. O Gaeco não revelou o que foi apreendido durante as buscas e apreensões.
Defesa Contesta Prisão e Julgamento Complexo
O advogado de defesa de Claudinho, Tiago Bunning, manifestou surpresa e contestou a nova prisão. “Muito me espanta, depois de 14 meses, uma nova prisão, já que ele estava de tornozeleira. Não tem nenhuma violação, nada. Não foi comunicado nenhuma violação da tornozeleira, nenhum crime novo para ele praticar […] É isso que a gente vai contestar. Ele tá na tornozeleira há muito tempo”, afirmou Bunning.
Bunning acrescentou que ainda não teve acesso aos autos da nova fase da operação. “Vou acompanhar agora, juntar a procuração nos autos para entender do que se trata. É um desdobramento da outra operação, mas a gente ainda não tem acesso aos autos”, disse.
Nos dois anos de duração da Operação Tromper, o processo judicial já acumula mais de 7 mil páginas, com 27 réus acusados de mais de 12 crimes envolvendo diversas licitações. Até o momento, foram realizadas duas delações premiadas. Diante da complexidade da ação e do grande volume de arquivos, o juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, que assumiu a Vara Criminal de Sidrolândia há menos de dois meses, avalia que não há previsão para uma sentença.