Na manhã desta quarta-feira (27), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) cumpriu a prisão de Francisco Cezário, ex-presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), conforme decisão do juiz Márcio Alexandre Wust, da 6ª Vara Criminal de Campo Grande. A prisão havia sido decretada no dia anterior, após o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) constatar que, mesmo afastado, Cezário continuava a exercer influência significativa no futebol estadual.
O MPMS destacou que, apesar de uma decisão anterior do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) que proibia Cezário de ocupar qualquer função na FFMS, ele continuava a interferir nas decisões da entidade. Provas revelam que, nos dias 5 de junho e 6 de agosto, Cezário recebeu em sua residência, na Vila Taveirópolis, dirigentes de clubes de futebol do Estado, como Giovani Jolando Marques, do Operário Athletico Clube, e Ari Silas Portugal, diretor de futebol do Esporte Clube Comercial.
Esses encontros aconteceram às vésperas de assembleias gerais da FFMS, onde decisões cruciais para o futebol sul-mato-grossense foram tomadas. Em particular, na assembleia de 6 de agosto, além de Giovani e Ari, estavam presentes Luiz Bosco da Silva Delgado, presidente do Corumbaense Futebol Clube, e Júlio Brant, consultor de futebol e conselheiro do Vasco da Gama, que estava sendo cotado para assumir um cargo na FFMS. Brant, que havia participado de uma reunião na Governadoria em 19 de julho, foi convidado por Estevão Petrallás, presidente interino da FFMS nomeado pela CBF, para ocupar uma posição de destaque na Federação.
A investigação também revelou que Cezário esteve presente em encontros na CBF (Confederação Brasileira de Futebol), demonstrando que, mesmo afastado, ele continuava a exercer funções na FFMS de sua própria casa. A reportagem do Campo Grande News informou que Cezário viajou ao Rio de Janeiro acompanhado de João Garcia, vice-presidente da FFMS e ex-dirigente do Aquidauanense, para tratar de assuntos relacionados à Federação.
Essa nova prisão de Cezário ocorre após a Operação Cartão Vermelho, deflagrada em 21 de maio, que investigou o desvio de R$ 6 milhões na FFMS. Na ocasião, Cezário também foi preso, mas foi liberado posteriormente devido a problemas de saúde. A operação revelou que a organização criminosa operava de maneira sofisticada, realizando saques frequentes de valores inferiores a R$ 5 mil das contas bancárias da FFMS, totalizando mais de 1.200 transações que somaram R$ 3 milhões. Esses recursos eram divididos entre os membros do esquema.
As investigações do Ministério Público duraram 20 meses e apontaram práticas de peculato e outros delitos correlatos na gestão da FFMS. Até o momento, a reportagem não conseguiu contato com os citados na operação.