Espaços culturais fechados e obras atrasadas prejudicam o setor cultural na capital

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Um aspecto que simboliza o descaso com a Cultura em Campo Grande é o estado de abandono de espaços culturais importantes. O Teatro Municipal José Octávio Guizzo, por exemplo, está há mais de 15 anos sem receber espetáculos. A obra de reforma, iniciada em março de 2023, deveria ter sido concluída em dezembro do mesmo ano. Porém, o prazo foi prorrogado e a nova previsão é para abril de 2025. Mesmo assim, parte dos recursos da Lei Aldir Blanc, que deveriam fomentar atividades culturais, foram destinados à compra de mobiliário para o teatro, o que gerou críticas da comunidade artística.

O Teatro Municipal José Octávio Guizzo, por exemplo, está há mais de 15 anos sem receber espetáculos. A obra de reforma, iniciada em março de 2023, deveria ter sido concluída em dezembro do mesmo ano.

A Morada dos Baís, outro símbolo cultural de Campo Grande, está fechada há três anos. Em 2021, o prédio foi devolvido pelo Sesc à prefeitura, que iniciou uma reforma. No entanto, o local encontra-se em completo abandono, com pinturas desgastadas, portas quebradas e sem uso adequado. A única parte em funcionamento é uma loja de artesanato, mas os próprios expositores lamentam o impacto negativo causado pelo fechamento do espaço para o turismo e as vendas. As obras do acervo de Lídia Baís também não estão mais na Morada. Atualmente, as obras e artefatos estão sob a responsabilidade do Sesc e da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.

O emblemático Centro Municipal de Belas Artes, cujas obras começaram em 1991, também continua sem conclusão. Após 30 anos de promessas e paralisações, o prédio segue inacabado, com recursos sendo desperdiçados em projetos mal executados e contratos rescindidos.

Feira Central pode perder recursos

O projeto da Nova Feira Central também enfrenta graves obstáculos. Há o risco iminente de perder cerca de R$ 40 milhões já acordados com a bancada federal e o governo federal para sua construção. Desde 2018, o Iphan-MS tem negado os pedidos da capital, alegando que a nova construção violaria as normas de preservação histórica do Complexo Ferroviário.

Mesmo após recursos apresentados em 2020 e 2023, ambos foram negados. Em fevereiro de 2024, o poder público recorreu ao Iphan Nacional, que encaminhou o caso ao Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização (Depam). Em abril do mesmo ano, a Câmara de Análise de Recursos aprovou, por unanimidade, uma recomendação para indeferir o pedido da prefeitura. Embora o Iphan e o Depam ainda não tenham dado a palavra final, a tendência é que o recurso seja rejeitado, o que pode obrigar o executivo municipal a devolver os recursos.

Praça dos Imigrantes à deriva      

A revitalização da Praça dos Imigrantes é outro espaço cultural à deriva. Em agosto, o contrato firmado em dezembro de 2022 – no valor de R$ 439 mil – com a empresa Tascon Engenharia Ltda foi rescindido. A obra, que deveria ter sido concluída em três meses, entre junho e setembro de 2023, avançou apenas 63% até ser interrompida. Esta foi a primeira reforma na praça em 22 anos. Agora, com a obra paralisada, o local voltou a se deteriorar, transformando-se em abrigo para usuários de drogas, gerando insegurança para os moradores e prejuízo aos artesãos que dependem do fluxo de turistas na área.

Praça dos Imigrantes se tornou ocupado por moradores de rua

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