Empresas envolvidas em escândalo da Operação Cascalhos de Areia voltam a fechar contratos milionários com prefeitura de Campo Grande

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Quatro meses e meio após a revelação do escândalo exposto pela operação Cascalhos de Areia, duas das principais empreiteiras envolvidas no caso conquistaram contratos milionários para a locação de máquinas pela prefeitura de Campo Grande.

Essas empresas, apesar de estarem sob investigação na operação, conquistaram metade dos 16 lotes em um pregão eletrônico que prevê despesas anuais de até R$ 31.238.134,92 para “locação de máquinas pesadas, caminhões, veículos leves e equipamentos para execução de serviços.”

A empresa de André Luis dos Santos, também conhecido como André Patrola, ganhou a disputa em dois dos 16 lotes e foi escolhida para alugar duas motoniveladoras, custando R$ 37,5 mil mensais cada, e uma carreta prancha, gerando R$ 62 mil mensais. Anualmente, a empresa pode faturar até R$ 1,64 milhão com esses equipamentos, se forem efetivamente utilizados.

Outra empresa escolhida pela prefeitura é a MS Brasil Comércio e Serviços, de propriedade de Edcarlos Jesus da Silva, que também esteve envolvida na Operação Cascalhos de Areia. Edcarlos venceu em seis dos oito lotes, que incluem a locação de 22 caminhões basculantes, caminhões pipa, oito caminhonetes e duas mini-retroescavadeiras. Embora o edital permitisse faturamento de até R$ 21 milhões por ano, Edcarlos ofereceu preços cerca de 20% menores que o teto estabelecido no pregão eletrônico. Seus ganhos estimados podem chegar a cerca de R$ 17 milhões por ano, com base no uso efetivo dos equipamentos.

Em conjunto, Edcarlos e André Patrola podem ganhar até R$ 18,6 milhões por ano com os contratos provenientes do pregão eletrônico recente.

Apesar de ser menos conhecido que André Patrola, o proprietário da MS Brasil (Edcarlos) é oficialmente dono de 90% da Enegenex e é considerado o real proprietário da JR Comércio e Serviços, segundo o Ministério Público. A JR Comércio e Serviços, por sua vez, pertence oficialmente a Adir Paulo Fernandes, um vendedor de queijos de Terenos, que é sogro de Edcarlos. Os promotores concluíram que Edcarlos utiliza Adir como laranja em seus negócios, e desde 2017 até o final do primeiro semestre de 2023, o vendedor de queijos faturou R$ 224 milhões em contratos com a prefeitura de Campo Grande.

Uma terceira empresa, a Santa Cruz Construções e Terraplanagem, venceu quatro lotes no pregão eletrônico para a locação de caminhões e rolos compactadores, com potencial de faturar até R$ 2,2 milhões por ano. Essa empresa não esteve envolvida na Operação Cascalhos de Areia, mas em 2017, foi investigada na operação Tapa Buraco, que apurou o pagamento de serviços supostamente não realizados pelas empreiteiras à prefeitura.

As investigações da Operação Cascalhos de Areia ainda estão em andamento, e as empresas sob investigação continuam aptas legalmente a prestar serviços ao poder público. O escândalo surgiu após denúncias de fraude em licitações. Porém, as empreiteiras envolvidas continuam participando de processos de licitação, o que levanta questões sobre a legalidade e moralidade desses contratos.

Com informações do Jornal Correio do Estado

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