Presidente da Câmara sustenta que não tem contas no exterior.
Ele responde a processo no Conselho de Ètica, acusado de mentir.
Documentos enviados pela Suíça mostram que o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, tinha autorização para movimentar contas bancárias naquele país.
Cunha responde a processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara por suposta quebra de decoro parlamentar. Ele é acusado de ter mentido à CPI da Petrobras quando afirmou, em depoimento, que não tem contas no exterior.
Um dos documentos indicam que Eduardo Cunha recebeu uma funcionária do banco Julius Baer na casa dele, no Rio de Janeiro, segundo afirmou a própria funcionária em um memorando interno do banco de julho de 2011, intitulado “memorando de fonte patrimonial”.
A funcionária do banco relatou ainda que teve conversas e reuniões com Cunha e que a conta Triumph foi aberta com a fortuna de Cunha. Ela disse ainda que fez uma avaliação do patrimônio de Cunha e que a casa dele valeria de 1 a 2 milhões na época, sem especificar em qual moeda.
O patrimônio serviria como lastro, uma espécia de garantia para as contas na Suíça. Os investigadores também encontraram uma procuração de 10 de junho de 2008 que autorizava Cunha a decidir como aplicar o dinheiro na Suíça.
Reportagem do jornal “O Globo” mostra o documento, ao qual a TV Globo também teve acesso, que dava poderes a Eduardo Cunha para movimentar uma outra conta, a Orion, aberta no banco Merryl Linch, atualmente Julius Baer.
A procuração permitia a Eduardo Cunha comprar e vender ativos, metais preciosos e fazer investimentos. Cunha não podia sacar o dinheiro.
As contas Orion e Triunph foram fechadas em 2014 e os ativos, transferidos para a conta Netherton, que hoje está bloqueada pela Justiça suíça. O Jornal Nacional não conseguiu apurar se a procuração manteve a validade na nova conta.
Em outro documento, o banco explica que Eduardo Cunha, como beneficário, era a pessoa que podia exercer controle sobre a conta Triumph.
Na entrevista que concedeu à TV Globo e ao G1 no último dia 6, Cunha disse que não podia mexer nas contas de truste – entidade autônoma que o deputado diz ter contratado para administrar o dinheiro dele no exterior.
“A conta, a constituição da conta, a manutenção da conta e a movimentação da conta é de única e exclusiva responsabilidade do truste”, afirmou na entrevista.
A defesa de Eduardo Cunha negou qualquer irregularidade e disse que vai prestar os esclarecimentos no momento oportuno.