Depoimento revela suposta compra de votos na campanha de Adriane Lopes

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De acordo com a denúncia, há evidências de compra de votos na campanha de Adriane Lopes, incluindo pagamentos via PIX e vídeos gravados que envolvem assessores da prefeita. No Bairro Aero Rancho, cerca de 200 veículos foram reunidos em um campo de futebol, onde o coordenador da campanha teria distribuído R$ 100 por veículo adesivado em apoio à reeleição da atual gestora.

Em outro episódio, uma reunião no Parque dos Laranjais resultou no pagamento de R$ 100 a cada participante para votar na candidata progressista. Sebastião Martins Vieira, em depoimento, afirmou ter recebido R$ 400 pelo seu trabalho e mais R$ 2 mil para compra de votos, valores entregues por Darci, assessor da prefeita. O montante foi repassado a moradores do Bairro Caiobá. Comprovantes de transferências via PIX, realizadas por assessores do gabinete de Adriane, confirmam os pagamentos, que foram distribuídos a eleitores dispostos a apoiar a prefeita.

Sebastião Martins Vieira, em depoimento, relatou que o Dr. Marcos, assessor jurídico da prefeitura, entrou em contato solicitando sua chave PIX. Cerca de 30 minutos depois, Simone, assessora da prefeitura, fez um depósito em sua conta, com a orientação de usar o valor para pagar duas pessoas e comprar votos com o restante. Ele afirmou ter repassado o dinheiro conforme combinado, motivado pela promessa de um cargo. No segundo turno, Darci, chefe de gabinete, o chamou ao comitê de campanha de Adriane Lopes, onde Rodrigo Hata, outro assessor, entregou R$ 400 como pagamento pelo trabalho e um envelope com R$ 2 mil para compra de votos. Sebastião, presidente do bairro Caiobá, distribuiu o montante entre o “pessoal do Caiobá”. Ele descreveu ter visto no comitê diversos envelopes sendo entregues a pastores, com a compra de votos sendo feita de forma explícita. “Foi feio o negócio, infelizmente”, lamentou.

Questionado pelo advogado da parte autora, Sebastião confirmou que o dinheiro lhe foi repassado por um amigo de Rodrigo Hata e que outros líderes comunitários e pastores também recebiam quantias no local, saindo em seguida. Ele destacou que Darci organizava os pacotes de dinheiro e reiterou que Simone era assessora municipal.

Denúncias e provas de captação ilícita

A denúncia aponta evidências de compra de votos na campanha de Adriane Lopes, incluindo pagamentos via PIX e vídeos gravados. No Bairro Aero Rancho, cerca de 200 veículos teriam sido reunidos em um campo de futebol, onde o coordenador da campanha entregou R$ 100 por veículo adesivado em prol da reeleição da prefeita. Em outro evento, no Parque dos Laranjais, participantes receberam R$ 100 cada para apoiar a candidata progressista. Sebastião confirmou ter recebido R$ 400 pelo trabalho e R$ 2 mil para compra de votos de Darci, valor que distribuiu no Caiobá. Comprovantes de PIX feitos por assessores do gabinete de Adriane reforçam as acusações.

O Ministério Público Eleitoral (MPE) destacou que Simone Bastos Vieira, responsável pelo PIX a Sebastião, era servidora comissionada no gabinete da prefeita em outubro de 2024, lotada na Coordenadoria Geral de Articulação Social e Assuntos Comunitários, subordinada a Marcos Paulo Amorim Pegoraro (Dr. Marcos). “Há elementos que comprovam a captação ilícita de sufrágio em favor de Adriane Lopes, com sua participação indireta e anuência”, afirmou o procurador regional eleitoral.

Depoimentos corroboram esquema

Testemunhas como Ivanor de Oliveira Brites e Edivania Souza do Nascimento relataram a compra de votos por adesivagem de veículos, com pagamentos em dinheiro vivo, muitas vezes “jogado pela janela do carro”. Adriana Cristina Campagnoli de Oliveira confirmou ter visto “Nilsão”, liderança do Aero Rancho responsável pelas adesivagens, no comitê de Adriane. Outras testemunhas relataram receber entre R$ 50 e R$ 100 para participar de reuniões da campanha em bairros vulneráveis, como Portal do Caiobá, Parque dos Laranjais, Nova Campo Grande e Jardim Carioca.

Sobre Sebastião, conhecido como Tião da Horta, o MPE concluiu que seu depoimento é verossímil, respaldado pelo PIX de Simone, pelo relato de Adriana (que o viu uma vez no comitê, em 26/10/2024, conforme ele próprio declarou) e pela fragilidade de um áudio apresentado pela defesa sem contexto ou cadeia de custódia. “As provas são robustas para configurar a compra de votos, atendendo aos requisitos legais”, afirmou o procurador Luiz Gustavo Mantovani.

Ciência e anuência da prefeita

Embora não haja provas de envolvimento direto de Adriane nos pagamentos, o MPE argumenta que os atos foram realizados com sua ciência e anuência, por meio de subordinados como Simone e Rodrigo Hata, motorista oficial do gabinete. “É evidente que ilícitos assim são praticados de forma segmentada, afastando o candidato da execução direta”, observou Mantovani. Ele citou como provas o PIX de Simone a Sebastião, a atuação de Hata no comitê e a participação de outros servidores comissionada da prefeitura.

O procurador comparou o caso à cassação de João e Janete Capiberibe em 2002, por compra de dois votos por R$ 26, destacando que as acusações contra Adriane envolvem valores e quantidades muito maiores. A decisão cabe à Justiça Eleitoral.

Repercussão nas redes

A conclusão do procurador viralizou após uma foto com seu parecer ser compartilhada em grupos de aplicativos e redes sociais, ampliando o alcance das denúncias.

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