Um amigo do senador sul-mato-grossense Delcídio do Amaral (PT), identificado como ‘Godinho’, teria recebido do lobista Fernando Soares, vulgo ‘Baiano’, um dos investigados na Operação Lava-Jato, cerca de US$ 1,5 milhão. A informação partiu do próprio lobista, que foi ouvido pela investigação como parte do acordo de delação premiada, a notícia foi publicada nesta segunda-feira (16) pelo jornal Folha de São Paulo.
De acordo com a matéria, Godinho foi apresentado a Soares pelo então diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, que o orientou a retirar o dinheiro destinado ao senador de parte da propina acertada em torno da compra, pela Petrobras, da refinaria de Pasadena (EUA). Godinho se apresentou como amigo de Delcídio e disse que “inclusive tinham estudado juntos”.
Os pagamentos foram feitos em “cinco ou seis” visitas de Godinho, no segundo semestre de 2006 e nos dois primeiros meses de 2007, no antigo escritório de Baiano, na rua Rodrigo Silva, no edifício RS8, no centro do Rio de Janeiro. O dinheiro, segundo Baiano, foi todo entregue em espécie. “Godinho provavelmente foi [ao Rio]depois da eleições, pois se recorda de ele comentar que ainda precisava pagar dívidas de campanha”, disse, em seu depoimento.
O jornal paulista cita que Delcídio foi candidato derrotado a governador de Mato Grosso do Sul em 2006. O depoimento de Baiano foi prestado à força tarefa no último dia 9 de setembro, na sede da Superintendência da PF, em Curitiba (PR), mas somente na segunda-feira (16) veio a público, com a deflagração da Operação Corrosão, a 20ª fase da Lava Jato. Nos últimos meses, veio à tona informação de que Delcídio fora citado por Baiano, mas agora surge o nome do suposto operador do senador, Godinho.
Baiano não conseguiu apontar informações mais detalhadas sobre a identidade de Godinho. Ele disse não saber o nome completo do operador e também não soube dizer como o dinheiro entregue a Godinho foi repassado a Delcídio. “O depoente [Baiano] não tinha contato com Delcídio neste episódio, pois apenas tinha contato com ele na época em que [o senador]foi diretor da Petrobras”, diz o termo de depoimento assinado pelo delator. Delcídio foi diretor da área de óleo e gás da Petrobras na época do governo FHC (1995-2002).
Segundo Baiano, os pagamentos a Delcídio foram acertados depois que o então diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, lhe disse, por volta de 2006, que “estava sendo muito pressionado pelo senador Delcídio”. De acordo com Baiano, foi acertado que o dinheiro a ser dado para cobrir gastos da campanha de Delcídio seria retirado “do valor que cabia a Nestor em Pasadena” ou tudo ou uma parte, o delator disse não se recordar com exatidão. O dinheiro referido por Baiano era um pagamento de propina pelo fechamento da compra da refinaria em Pasadena (EUA).
Informações FOLHA DE SÃO PAULO