A crise hídrica nas aldeias indígenas de Dourados, em Mato Grosso do Sul, escalou para um confronto violento nesta quarta-feira (27). A Polícia Militar, acionada para desbloquear a MS-156, ocupada por indígenas em protesto pela falta de água, utilizou balas de borracha e gás lacrimogêneo, enquanto os manifestantes reagiram com pedras.
O saldo do confronto é grave: feridos de ambos os lados, viaturas danificadas e um clima de tensão que permanece na região. A rodovia continua bloqueada, e as negociações entre o governo e as comunidades indígenas parecem ter chegado a um impasse.
Apesar de uma proposta do governo para aumentar o fornecimento de água ter sido aceita pelas lideranças indígenas, a comunidade como um todo rejeitou a proposta, optando por manter os bloqueios. A decisão foi motivada, segundo o governo, pela influência de lideranças políticas locais, como o advogado indígena Wilson Matos, que teria incitado a população a rejeitar o acordo.
A resistência dos indígenas é forte. Em um vídeo, um morador da reserva desafiou o governador Eduardo Riedel, afirmando que “a comunidade é nossa” e que eles “vão resistir”.
O governador Eduardo Riedel condenou a violência e afirmou que a paralisação da rodovia prejudica a população e a economia local. Ele destacou que o governo tem buscado uma solução negociada para o problema, mas que a intransigência de algumas lideranças tem dificultado o diálogo.
A falta de água nas aldeias indígenas de Dourados é um problema crônico, que se arrasta há anos. A atual crise expõe a fragilidade das políticas públicas para garantir o acesso à água para essas comunidades.
Além da questão da água, o conflito em Dourados levanta outras questões importantes, como a relação entre o Estado e os povos indígenas, o direito à manifestação e a necessidade de políticas públicas mais eficazes para garantir os direitos básicos dessas comunidades.