BR-262: Corredor da morte em Mato Grosso do Sul exige ação imediata da bancada federal

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O trecho de 110 km da BR-262, entre Corumbá e o Buraco das Piranhas, em Mato Grosso do Sul, é vital para a economia e o turismo do estado. Por ali, transitam diariamente centenas de caminhões carregados com minérios de ferro e manganês, extraídos próximo ao Distrito de Albuquerque, em Corumbá, rumo ao Porto Esperança. A rodovia também é rota crucial para o turismo, conectando a região do Passo do Lontra e a Estrada Parque (MS-184), que dá acesso ao Pantanal, atraindo visitantes nacionais e internacionais. Contudo, esse trecho estratégico está em condições deploráveis, marcado por deformidades, ondulações, ausência de sinalização e falta de cobertura telefônica, problemas que contribuem para acidentes graves, incluindo cinco mortes registradas nos últimos 10 meses.

A precariedade da BR-262 foi exposta novamente por uma tragédia ocorrida no último domingo, quando um ônibus da Viação Andorinha colidiu com um caminhão de minério, resultando na morte de uma médica de 27 anos e um pecuarista de 84 anos, além de ferimentos em uma criança de 7 anos e uma bióloga. O acidente, ocorrido por volta das 6h, evidenciou não apenas as falhas estruturais da rodovia, mas também a dificuldade de comunicação no local, com demora de mais de 15 minutos para acionar o resgate devido à ausência de sinal de telefonia. O socorro, vindo de Miranda, a 100 km do local, enfrentou ainda mais atrasos. A Polícia Civil indiciou o motorista do ônibus por homicídio culposo, mas as condições da pista, com ondulações relatadas pelo condutor, também são apontadas como fator determinante.

Nos últimos 10 meses, entre Miranda e Corumbá, cinco acidentes graves resultaram em cinco mortes, quatro deles envolvendo carretas de minério. Além do caso recente, destaca-se a colisão de três carretas em 31 de agosto de 2024, um acidente fatal em 13 de setembro, a morte de uma criança de 8 anos em 25 de dezembro e outra vítima em 12 de janeiro de 2025. A rodovia, apesar de sua importância, sofre com décadas de abandono, com problemas como falta de sinalização horizontal e vertical, ausência de alertas sobre a fauna que atravessa a via e pavimento deteriorado. A situação é agravada pelo intenso tráfego de veículos pesados e de passeio.

Embora o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) tenha incluído a BR-262 em planos de remodelação, com licitação de R$ 140 milhões em maio de 2024, as obras priorizam outras regiões, como Três Lagoas, deixando o trecho do Buraco das Piranhas com intervenções insuficientes. Em maio, o vereador de Corumbá, Marcelo Araújo, encaminhou ofício ao Dnit, com cópias ao governo estadual, à Assembleia Legislativa e à Câmara dos Deputados, cobrando recuperação do pavimento, sinalização adequada e medidas para proteger a fauna. Apesar disso, a rodovia permanece em estado crítico, com riscos constantes para motoristas e passageiros.

Diante desse cenário alarmante, é imprescindível que a bancada federal de Mato Grosso do Sul assuma sua responsabilidade e pressione por ações imediatas. A BR-262 não pode continuar sendo um corredor de morte e prejuízos. É urgente a alocação de recursos para a completa recuperação do trecho, instalação de sinalização eficiente, implantação de cobertura telefônica e medidas de segurança que mitiguem os impactos do tráfego intenso e da fauna local. A omissão das autoridades coloca em risco vidas, a economia e o turismo da região, e a população sul-mato-grossense exige soluções concretas que transformem essa rodovia em um trajeto seguro e confiável.

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