Rose Modesto, candidata à prefeitura de Campo Grande pelo União Brasil, mais uma vez utiliza uma estratégia de vitimização, um traço marcante de suas campanhas anteriores. Com uma história pessoal de dificuldades financeiras e superação, Rose frequentemente apresenta sua “vida sofrida” como uma forma de se conectar com os eleitores. No entanto, ao observar de perto essa narrativa, fica claro que ela não é exclusiva, mas sim a realidade de milhões de brasileiros que enfrentam desafios semelhantes.
Em 2022, quando concorreu ao governo do estado, Rose acionou a Polícia Federal e divulgou vídeos alegando ter sido vítima de fake news, uma tática repetida agora em sua atual campanha para a prefeitura. Embora a desinformação seja uma questão preocupante no cenário político, não é algo que afeta apenas a candidatura de Rose. Políticos de todos os espectros têm sido alvo de notícias falsas, e a resposta de Rose parece mais uma atualização de uma estratégia usada anteriormente.
Histórias de dificuldades pessoais são um elemento constante em suas campanhas. Rose menciona com frequência que cresceu em uma casa de madeira e que, durante a faculdade, foi “salva” de suas dívidas pelo diretor da instituição, que a contratou para tocar violão nas missas. Essas narrativas, refletem uma realidade que não é exclusiva de Rose. No Brasil, milhões de pessoas enfrentam dificuldades econômicas e falta de acesso à educação de qualidade, tornando essa história algo comum e compartilhada por muitos.
Além disso, Rose afirma estar “sozinha” na disputa, sem o apoio de partidos aliados. Contudo, essa alegação é enganosa, uma vez que ela conta com o suporte do PDT, de Marquinhos Trad, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi, além de receber apoio do governo Lula. Seu partido, o União Brasil, também garantiu um financiamento generoso de R$ 9,1 milhões para o primeiro turno de sua campanha, com a promessa de mais recursos em um eventual segundo turno. Com tanto apoio e financiamento, é difícil acreditar na narrativa da candidata.
Rose também se afastou de sua carreira original como professora, uma profissão que ela não exerce há 15 anos. Desde que foi eleita vereadora em 2008, Rose vive exclusivamente da política, ocupando cargos com aumentos elevados. Passou de vereadora a vice-governadora, de deputada federal a superintendente da Sudeco, sempre com rendimentos que variaram de R$ 19 mil a R$ 44 mil mensais. Essa trajetória contradiz a imagem de uma pessoa marginalizada, sendo, na verdade, alguém que gosta de um cargo.
A influência política da família Modesto vai além de Rose. Seu irmão, Rinaldo Modesto, está em seu quinto mandato consecutivo como deputado estadual, com um salário de R$ 33 mil por mês. Ao longo de sua carreira, já acumulou mais de R$ 7 milhões, evidenciando que a família Modesto está longe de fazer parte das camadas marginalizadas da sociedade que Rose gosta de enfatizar em suas falas.
Recentemente, sua campanha foi marcada por controvérsias, incluindo ataques por parte de seus assessores a outros candidatos. Enquanto a candidatura se coloca como vítima de notícias falsas, membros de sua equipe disseminam desinformação, atacam candidatos e criam polêmicas, como uma montagem que simulava uma agressão física à outra candidata. Apesar de alegarem que essas pessoas não fazem parte da equipe oficial, a conexão com a candidata é público e notório.