A concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, um projeto ambicioso e inovador, será debatida presencialmente nesta segunda-feira (10), em Corumbá (MS). O evento marca mais uma etapa do processo de discussão pública sobre o projeto, que teve sua primeira audiência realizada em 6 de fevereiro de 2025, na sede da ANTAQ, em Brasília (DF). A iniciativa, que visa modernizar e ampliar a infraestrutura de navegação no rio, tem gerado intensos debates entre ambientalistas e especialistas em logística, divididos entre os impactos ecológicos e os benefícios econômicos.
A Hidrovia do Rio Paraguai compreende o trecho entre Corumbá (MS) e a Foz do Rio Apa, localizada no município de Porto Murtinho (MS), e o leito do Canal do Tamengo, no trecho compreendido no município de Corumbá. A extensão total do projeto é de 600 km.
Moradores da região terão a oportunidade de participar da audiência e apresentar sugestões. As inscrições serão feitas presencialmente, uma hora antes do início do evento. A proposta da concessão tem sido alvo de críticas por parte de ambientalistas, que alertam para os riscos de intervenções em áreas de alto valor ecológico, como Parques Nacionais, reservas indígenas e sítios Ramsar, considerados essenciais para a biodiversidade global. Por outro lado, especialistas destacam os ganhos logísticos, especialmente para o transporte de cargas, que poderá impulsionar a integração do setor produtivo brasileiro com o mercado internacional.
Durante a primeira audiência, o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, ressaltou três pilares fundamentais do projeto: produção, integração latino-americana e meio ambiente. Ele destacou que a hidrovia, atualmente subutilizada, precisa de uma gestão moderna e eficiente para evitar impactos negativos. “Precisamos de uma concessionária que administre esses pontos de forma estruturada, garantindo o equilíbrio entre produção e preservação ambiental”, afirmou Verruck.
O projeto da Hidrovia do Rio Paraguai abrange um trecho de 600 km, entre Corumbá (MS) e a foz do Rio Apa, em Porto Murtinho (MS). Nos primeiros cinco anos de concessão, estão previstos investimentos de R$ 63,8 milhões em dragagem, sinalização, monitoramento hidrológico e melhorias na infraestrutura de navegação. O prazo contratual é de 15 anos, com possibilidade de prorrogação por igual período. A tarifa para transporte de cargas será cobrada apenas após a conclusão da primeira fase do projeto, enquanto o transporte de passageiros e cargas de pequeno porte será gratuito.
A expectativa é que, após a concessão, a hidrovia movimente entre 25 e 30 milhões de toneladas de cargas anualmente a partir de 2030, um aumento significativo em relação aos 7,95 milhões de toneladas transportadas em 2023. Além disso, a garantia de um calado mínimo de 2 metros durante períodos de seca e 3 metros em cheias assegurará a trafegabilidade das embarcações durante a maior parte do ano. O projeto representa um avanço na busca por eficiência logística e integração regional, mas ainda enfrenta desafios para conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental.