Segundo o mapeamento do MapBiomas Fogo, que analisou a extensão de áreas queimadas entre os anos de 1985 e 2022 por meio de imagens de satélite, o município de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, foi o mais afetado por queimadas no Brasil, com 31.877 km² consumidos pelo fogo nesse período. Esse número é 7,7 mil km² maior que o segundo colocado, São Félix do Xingu, no Pará, com 24.137 km².
De acordo com Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), a série histórica de dados de fogo permite entender o impacto do clima e da ação humana sobre as queimadas e os incêndios florestais. Quando se analisam as proporções das áreas atingidas dentro dos biomas, o Pantanal foi o mais afetado, com 51% de seu território consumido pelo fogo nesse período.
O Cerrado, que também predomina em Mato Grosso do Sul, queimou em média 7,9 milhões de hectares por ano, o equivalente a uma área do tamanho da Escócia a cada ano. Já na Amazônia, a média foi de 6,8 milhões de hectares por ano. O fogo é natural em alguns ecossistemas, mas os dados mostram que a frequência e a intensidade do fogo têm aumentado nos últimos anos, devido ao desmatamento e às mudanças climáticas, que afetam as temperaturas e intensificam os períodos de seca.
Para lidar com esse problema, Ane Alencar destaca a importância das práticas relacionadas ao Manejo Integrado do Fogo, que podem reduzir a quantidade de material combustível e evitar grandes incêndios por meio de queimas prescritas e controladas. O MapBiomas Fogo utilizou imagens geradas por três satélites Landsat para rastrear a ação do fogo em todos os tipos de uso e cobertura da terra em território brasileiro.