Casamento é cancelado por brincadeira na hora do sim; o que diz a lei?

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Caiu na rede- Nesta semana, viralizou nas redes sociais o vídeo de um casamento que precisou ser cancelado por causa de uma brincadeira da noiva. Ao ser perguntada pelo juiz se ela aceitava se casar, por livre e espontânea vontade, a noiva respondeu “não”, brincando. Em seguida, disse “sim”, mas o juiz não aceitou a resposta.

“Não pode. Não pode brincar. Não, não tem desculpa. Infelizmente, hoje não vai casar não”, afirma o juiz no vídeo. 

O caso aconteceu no bairro de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, em 2016. O noivo se chama Vanildo Vieira, 38, é auxiliar de serviços gerais e foi quem decidiu compartilhar o vídeo, que ultrapassou cinco milhões de visualizações em apenas dois dias de publicação, além de ter sido republicado por diversas páginas.

Segundo a professora e advogada Fernanda Tartuce, a decisão foi correta. Ela explica que a celebração do casamento é imediatamente suspensa quando algum contraente se recusa à solene afirmação da vontade e declara que esta não é livre e espontânea ou manifesta-se arrependido.

Fernanda explica ainda que não se admite a retratação no mesmo dia, segundo o art. 1.538, parágrafo único, do Código Civil.

A norma dispõe que:

“Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes:

I – recusar a solene afirmação da sua vontade;

II – declarar que esta não é livre e espontânea;

III – manifestar-se arrependido.

Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.”

A advogada ainda explica que, quando o caso repercutiu, muitos professores de Direito Civil se lembraram da regra e perceberam que há mais exemplo a ser dado em sala de aula: a manifestação da vontade é um ato sério, solene e não comporta brincadeiras no momento.

“Isso é avisado pelo oficial de registro no momento da habilitação para o casamento, oportunidade em que é explicada a importância do ato e tudo que o envolve, inclusive com o alerta sobre a firmeza da manifestação de vontade a ser expressa.”

O advogado José Fernando Simão também diz que a decisão foi correta, e que é exatamente pelo que dispõe no CC que se suspende o casamento e se dá prazo de reflexão.

O professor Flávio Tartuce explica que a decisão está correta, pois umas das aplicações do artigo 1.538 do Código Civil é justamente nas hipóteses de brincadeira ou animus jocandi.

“A celebração do casamento deve ser suspensa nesse caso, conforme a doutrina civilista. Na pergunta que se faz já se destaca se a vontade é livre. Esse é um momento solene, em que não cabem brincadeiras.”

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