PSDB aprova fusão com Podemos em tentativa de reestruturação para 2026

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Em uma decisão histórica, o PSDB aprovou, nesta quinta-feira (5), a incorporação do Podemos durante sua convenção nacional, realizada de forma híbrida. A medida, que obteve 98% dos votos dos convencionais de todo o Brasil, busca reverter a crise enfrentada pelo partido, que sofreu perdas significativas com a saída de figuras como os governadores Eduardo Leite (RS) e Raquel Lyra (PE), ambos hoje no PSD. A fusão ainda depende de homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas já é vista como um esforço para fortalecer a legenda rumo às eleições de 2026.

A decisão ocorre após mais de seis meses de incertezas sobre o futuro do PSDB, que enfrenta desidratação em quadros e influência em nível nacional. No Mato Grosso do Sul, último reduto expressivo do partido, lideranças locais avaliam a fusão como uma estratégia para revitalizar a legenda. O estado conta com o governador Eduardo Riedel, mais de 40 prefeituras e as maiores bancadas na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa (ALEMS).

Perspectivas e desafios
O deputado estadual Dagoberto Nogueira (PSDB-MS), que votou a favor da incorporação, destacou a gravidade da situação do partido. “O PSDB está praticamente em extinção. Fora Mato Grosso do Sul, ele já não existe mais. Com a saída de Raquel Lyra e Eduardo Leite, e deputados ameaçando deixar o partido, a fusão é uma tentativa de salvá-lo”, afirmou.

Já a deputada estadual Lia Nogueira (PSDB-MS) defendeu a incorporação como um processo natural de reestruturação. “Apesar da nossa força em Mato Grosso do Sul, perdemos muito em nível nacional, incluindo tempo de TV e fundo partidário. O PSDB tem uma história de lutas e conquistas que não pode ser esquecida. Essa fusão é um passo para nos fortalecermos para as próximas eleições”, declarou.

O ex-governador e presidente estadual do PSDB, Reinaldo Azambuja, participou da votação virtualmente e sinalizou apoio à união. Enquanto isso, o governador Eduardo Riedel, também favorável à fusão, acompanhou a convenção de forma remota, diretamente de São Paulo, onde participava do Global Agribusiness Festival (GAFFFF), discutindo tendências do agronegócio.

Bancada federal alinhada
Na esfera federal, os deputados Beto Pereira, Geraldo Resende e Pedro Caravina, este último presente na convenção, também endossaram a incorporação do Podemos. A bancada sul-mato-grossense planeja se reunir nos próximos dias para avaliar os impactos da fusão no estado, que se mantém como o principal bastião tucano no país.

Futuro do PSDB
A incorporação do Podemos é vista como uma tentativa de estancar a perda de relevância do PSDB, que já foi protagonista em eleições nacionais, mas enfrenta dificuldades com a redução de quadros e recursos. A fusão visa criar uma estrutura mais robusta, com maior capilaridade e capacidade de mobilização para enfrentar os desafios eleitorais de 2026. No entanto, o sucesso da iniciativa dependerá da integração das bases dos dois partidos e da homologação pelo TSE, que analisará os aspectos legais da união.

Impacto eleitoral

A fusão do PSDB com o Podemos, aprovada em convenção nacional nesta quinta-feira (5) com 98% dos votos, representa uma tentativa estratégica de reposicionamento político diante da crise que o PSDB enfrenta há anos, marcada pela perda de quadros importantes e relevância eleitoral. Com a homologação pendente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a união visa fortalecer a estrutura partidária para as eleições gerais de 2026, que elegerão presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais.

Risco de debandada de lideranças: A saída de Eduardo Leite, que negocia filiação ao PSD, pode enfraquecer a nova legenda, especialmente no Rio Grande do Sul, um estado historicamente importante para o PSDB. A incerteza sobre sua permanência e a de outros quadros é um fator de instabilidade.

O espaço de centro está disputado por siglas como MDB, PSD e União Brasil, que também buscam se consolidar como alternativas a Lula e Bolsonaro. A federação União Brasil-PP, por exemplo, pode criar a maior força no Congresso, dificultando a projeção do PSDB-Podemos.

A fusão pode diluir a marca do PSDB, conhecida pelo tucano e por sua história de conquistas, como o Plano Real. A escolha de um novo nome (como “PSDB+Podemos”, “Juntos” ou “Centro Democrático”) e a indefinição sobre o símbolo partidário podem confundir eleitores tradicionais

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