Campo Grande enfrenta uma crise de saúde pública com a superlotação de leitos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), impulsionada pelo aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e outras doenças respiratórias. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), sete das dez UPAs da capital operam acima da capacidade total de leitos, evidenciando o colapso no sistema de atendimento.
Na UPA Coronel Antonino, com 30 leitos disponíveis, 43 pacientes estão internados, sendo 10 em uso de oxigênio. No bairro Universitário, a situação é ainda mais crítica: 29 pessoas ocupam os 18 leitos existentes, configurando nível IV de ocupação (acima de 100%). No Jardim Leblon, 28 internações superam a capacidade de 24 leitos, enquanto na Moreninha, 28 pacientes ocupam os 22 leitos disponíveis.
A gravidade da crise é agravada pela limitação de recursos diagnósticos. Apenas quatro UPAs — Moreninha, Tiradentes, Coronel Antonino e Universitário — oferecem raio-X, essencial para avaliar a extensão da SRAG nos pulmões. As duas últimas, coincidentemente, enfrentam as piores taxas de superlotação.
Emergência decretada e medidas de contenção
Desde 26 de abril de 2025, Campo Grande está em situação de emergência na saúde por 90 dias, devido à escalada de casos respiratórios e à escassez de leitos. A secretária de saúde, Rosana Leite, destacou que “os casos graves demandam longos períodos de internação, dificultando a rotatividade de leitos”.
Entre as medidas adotadas, estão a liberação da vacina contra Influenza para todas as faixas etárias, a obrigatoriedade do uso de máscaras em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e UPAs, e a ampliação do atendimento. Mesmo assim, a falta de leitos compromete o acesso de novos pacientes.
Cenário alarmante no estado
O último boletim da Fiocruz, divulgado em 15 de maio, classifica Mato Grosso do Sul como de alto risco para SRAG, com tendência de crescimento nos casos. Até a 18ª semana epidemiológica, o estado registrou 2.708 casos de SRAG, com 203 mortes, sendo 586 casos confirmados para Influenza, que resultaram em 68 óbitos.
Embora a capital apresente estabilidade recente no número de casos, a superlotação impede a rotatividade, agravando a crise. A SESAU alerta que a situação exige resposta imediata para evitar um colapso ainda maior.
Vacinação avança, mas grupos prioritários preocupam
Mato Grosso do Sul lidera a cobertura vacinal contra Influenza no país, com mais de 410 mil doses aplicadas desde 24 de março. A vacina, disponível para maiores de 6 meses, é considerada “segura e eficaz” pela SESAU. Contudo, a adesão entre grupos prioritários — crianças, gestantes e idosos acima de 60 anos — atinge apenas 29,89%, bem abaixo da meta de 90% do Ministério da Saúde.
A secretaria reforça a importância da vacinação e do uso de máscaras para conter o avanço das doenças respiratórias, enquanto a população enfrenta longas filas e espera por atendimento em um sistema de saúde à beira do limite.