Uma mãe enfrenta dificuldades para conseguir um medicamento essencial para o tratamento do filho autista de cinco anos na rede pública de saúde de Campo Grande. Rayane, que prefere não divulgar o sobrenome, busca pela levomepromazina 25mg, um antipsicótico comumente utilizado no tratamento de crianças com autismo, mas encontra a medicação em falta nas unidades de saúde da capital.
Segundo Rayane, o filho precisa de três medicamentos regularmente, sendo a levomepromazina o único fornecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Ela relata que sempre conseguia a medicação no CAPS da Rua São Paulo, na UBSF da Estrela Dalva e no CEM (Centro de Especialidades Médicas), mas nas últimas semanas tem encontrado dificuldades.
“Na Farmácia Central, me disseram que o medicamento está em processo de licitação”, afirma Rayane, que guarda os protocolos das ligações como prova das tentativas de conseguir o medicamento.
Contradição e falta de informação
Em nota, a Prefeitura Municipal de Campo Grande, por meio da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), afirma que a levomepromazina 25mg está disponível em estoque, mas que no momento está sendo utilizada apenas para pacientes internados em unidades 24h e nos CAPS. A Sesau alega que aguarda uma nova remessa do medicamento para normalizar a distribuição nas farmácias das unidades de saúde.
A declaração da Sesau contradiz a informação recebida por Rayane na Farmácia Central, o que demonstra falta de comunicação e transparência no processo de distribuição de medicamentos.
Impacto da falta de medicação
A falta de acesso à medicação coloca em risco o tratamento da criança, podendo gerar crises e comprometer seu desenvolvimento. A interrupção do tratamento com antipsicóticos em crianças autistas pode causar aumento da ansiedade, agitação, irritabilidade, alterações do sono e comportamentos autolesivos.
Cobrança por soluções
Rayane cobra uma solução da Sesau para a falta do medicamento e que a distribuição seja normalizada o mais rápido possível. “É um absurdo uma medicação essencial estar em falta na rede pública”, desabafa a mãe.
A falta de medicamentos essenciais para o tratamento de doenças crônicas é um problema grave que afeta muitos pacientes do SUS em Campo Grande. É fundamental que a Sesau garanta o abastecimento regular das unidades de saúde e que a população tenha acesso aos medicamentos de que necessita.