A recente auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) revelou uma série de irregularidades no Sistema de Regulação (Sisreg) de Campo Grande, trazendo à tona problemas graves na gestão da fila de espera por procedimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). A investigação apontou que a ordem de atendimento na fila nem sempre foi respeitada, alimentando a percepção de desorganização e possível favorecimento, o que pode ter sérias implicações políticas para a gestão atual.
Entre os problemas detectados, estão o alto número de faltas em consultas e exames agendados, além de procedimentos realizados fora da regulação estabelecida. Agora, a CGU aponta um problema ainda mais grave: a manipulação na fila de espera, com exames e consultas sendo agendados sem respeitar a ordem estabelecida, o que sugere uma falta de transparência e possível manipulação política.
De acordo com o relatório da CGU, análises de documentos do Sisreg referentes a setembro de 2023 mostram que muitos procedimentos, como endoscopias, cateterismos cardíacos e consultas ortopédicas, foram agendados em desacordo com a posição que os pacientes ocupavam na fila, sem justificativa plausível. A CGU alerta que esses desvios podem ser resultado de uma gestão desorganizada e de um sistema que, embora tenha um ranqueamento automático, permite a manipulação manual dos agendamentos.
A auditoria também criticou a falta de uma rotina informatizada de supervisão que poderia prevenir tais erros. A ausência de um sistema unificado entre consultas iniciais e de retorno é vista como uma lacuna grave, que contribui para a desorganização e potencial injustiça no atendimento. Em resposta às críticas, a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, defendeu o processo atual, afirmando que a fila é “dinâmica” e que os pacientes são reavaliados constantemente, o que pode alterar suas posições. Ela também anunciou que a prefeitura está desenvolvendo um site de transparência, onde os pacientes poderão acompanhar sua posição na fila, com previsão de lançamento ainda este ano.
A população de Campo Grande enfrenta diariamente longas filas de espera para exames e procedimentos cirúrgicos, além da carência de medicamentos essenciais, situação que pode levar a sérias consequências para a saúde dos pacientes, incluindo óbitos evitáveis. Essas falhas no sistema de regulação da saúde, identificadas em recente auditoria da Controladoria Geral da União (CGU), revelam um quadro de possíveis irregularidades e manipulações. A expectativa é que, após a investigação completa, os responsáveis sejam devidamente punidos para garantir que a justiça seja feita e que erros ou interesses escusos não continuem a prejudicar a vida dos cidadãos.
Essa revelação de irregularidades no Sisreg pode ter profundas consequências políticas, especialmente em um ano pré-eleitoral. A gestão da prefeita Adriane Lopes, já sob escrutínio, e à medida que as investigações avançam e a pressão pública por transparência e justiça na saúde aumenta. A denúncia da CGU, agora nas mãos da Receita Federal e potencialmente da Procuradoria Geral da República, coloca a administração municipal em uma posição delicada, que pode reverberar nas urnas.