Francisco Cezário viajou ao Rio de Janeiro e na CBF interferiu na escolha do novo presidente da FFMS

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A trama envolvendo o atual presidente afastado da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), Francisco Cezário, se adensa com um novo capítulo. Acusado de corrupção e liderança de organização criminosa, Cezário viajou ao Rio de Janeiro para, surpreendentemente, escolher o seu sucessor na Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Desde a deflagração da Operação Cartão Vermelho em maio, que culminou com sua prisão e a de mais seis indivíduos, Cezário tem enfrentado sérios problemas. Acusado de desviar R$ 6 milhões, ele foi libertado em junho, mas permanece sob monitoramento com tornozeleira eletrônica. Apesar das restrições impostas, que incluem a proibição de se aproximar da sede da FFMS e de participar de qualquer atividade da federação, Cezário organizou sua viagem ao Rio para definir seu substituto: João Garcia, atual vice-presidente da FFMS e ex-dirigente do Aquidauanense.

A presença de Cezário no Rio surpreendeu o interventor atual da FFMS, Estevão Petrallás, que foi nomeado pela CBF e cujo mandato termina em breve. Petrallás expressou sua surpresa com a atitude de Cezário, que, em desacordo com as medidas cautelares, ainda conseguiu articular a nomeação de Garcia para a posição de liderança.

O novo estatuto da FFMS, que entra em vigor após o fim da gestão de Cezário em 2027, estabelece mandatos de quatro anos com direito a apenas uma reeleição, proíbe o nepotismo até o terceiro grau e redefine a composição da diretoria executiva da federação.

A Operação Cartão Vermelho, que envolveu 21 mandados de prisão e busca em cidades como Campo Grande, Dourados e Três Lagoas, revelou um esquema complexo de desvio de recursos estaduais e federais. Em sua residência em Vila Taveirópolis, foram encontrados R$ 800 mil em dinheiro.

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul, após 20 meses de investigação, confirmou a existência de uma organização criminosa dentro da FFMS, que desviava recursos para benefício próprio e de terceiros. Cezário, por meio de seu advogado André Borges, minimizou sua atuação na CBF, afirmando que não violou qualquer restrição judicial em relação à FFMS.

Com o cenário ainda tumultuado, o futuro da FFMS e a influência de Cezário permanecem incertos, enquanto a justiça continua a apurar os desdobramentos dessa intrincada rede de corrupção.

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