Nesta sexta-feira (2), a comunidade Guarani-Kaiowá da retomada Guaaroka, localizada em Douradina, recebeu um aviso de despejo, com prazo de cinco dias para desocupação. A decisão segue uma liminar que concedeu a reintegração de posse das terras ocupadas aos produtores rurais.
O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) informou que a situação de conflito na região piorou após um ataque ocorrido na quinta-feira (1). Um casal armado, em uma caminhonete, entrou nas retomadas Kurupa’yty e Pikyxyin e feriu um indígena. Os suspeitos foram detidos pela Guarda Nacional.
De acordo com o CIMI, os indígenas receberam um prazo para a desocupação sem o uso de força policial. A retomada Guaaroka faz parte das sete retomadas de Douradina e está próxima à retomada Yvy Ajere, onde há uma concentração de pessoas armadas, conforme denunciado pela comunidade.
Um membro da comunidade questionou a justiça da ação: “Queremos saber que tipo de diálogo é esse quando somos ameaçados tanto por jagunços quanto pela Justiça. Não vamos desistir da nossa terra”, afirmou. A proposta de negociar a área ocupada em troca de outras terras foi rejeitada pelos indígenas, que também denunciaram a proposta de despejo em massa.
A Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) declarou que o posicionamento da entidade é pela paz no campo, respeitando a temporalidade para a solução dos conflitos. A Federação destacou que as propostas de negociação devem considerar todos os produtores e que os conflitos não são benéficos para ambas as partes.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) confirmou a complexidade do cenário, mencionando a necessidade de um acordo mediado pelo Ministério Público, que ainda não foi alcançado.