Sanesul alerta para crise hídrica sem precedentes em Mato Grosso do Sul e pede uso consciente da água

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Preocupada com a situação crítica dos mananciais responsáveis pelo abastecimento de água potável, a diretoria da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul) voltou a alertar autoridades e população sobre a necessidade urgente de medidas para enfrentar a crise hídrica sem precedentes no Estado. A empresa enfatiza a importância do uso consciente da água.

Renato Marcílio, diretor-presidente da Sanesul, já havia alertado sobre a iminente crise em fevereiro deste ano. Na ocasião, ele criou um grupo de trabalho para monitorar a situação em Corumbá, Ladário, Porto Murtinho, Aquidauana e Anastácio, regiões mais afetadas, além de outras localidades.

A decisão de formar este grupo foi baseada em várias situações, incluindo um boletim extraordinário do SGB (Serviço Geológico do Brasil) emitido em 26 de fevereiro de 2024. O boletim apresentava um prognóstico preocupante para a bacia do Rio Paraguai, destacando chuvas abaixo da média e um significativo déficit hídrico. Projeções indicam que, se as chuvas se mantiverem dentro da média, 2024 pode repetir a severa seca de 2020, quando o nível do rio em Ladário caiu para 32 cm.

Marcílio também ressaltou que Porto Murtinho, Ladário, Corumbá e o distrito de Porto Esperança dependem exclusivamente do Rio Paraguai para abastecimento, através de captação superficial. O grupo de trabalho foi incumbido de monitorar os níveis dos mananciais, identificar áreas de risco e implementar ações emergenciais para mitigar os efeitos da crise hídrica.

Campanhas de conscientização foram lançadas para incentivar a população a reduzir o consumo e evitar desperdícios de água. Essas campanhas destacam a importância da colaboração de todos na preservação dos recursos hídricos.

Diversas medidas foram implementadas para garantir uma distribuição eficiente e minimizar o desperdício de água tratada. Esforços incluem o combate a perdas no sistema de distribuição, com foco especial em Corumbá. Entre as ações estão o gerenciamento das pressões na rede, controle de vazamentos não visíveis, agilidade nos reparos e investimento contínuo na infraestrutura.

O engenheiro Elthon Santos Teixeira, gerente de Desenvolvimento Operacional da Sanesul, explicou que a empresa monitora continuamente os rios utilizados para captação de água. Observações do ano anterior já indicavam sinais de uma seca histórica em 2024. Com base nisso, a Diretoria Comercial e de Operações (DCO) estabeleceu um grupo de trabalho para tomar medidas preventivas. A Gerência de Manutenção em Corumbá (GEMA) preparou uma estrutura para enfrentar a crise, incluindo a locação de uma balsa e a aquisição de motobombas específicas para operar em níveis baixos do rio.

Madson Valente, diretor Comercial e de Operações da Sanesul, alertou que o desperdício e consumo excessivo de água podem agravar a crise, comprometendo a disponibilidade de água para todos. Ele enfatizou que a colaboração de cada cidadão é essencial para preservar os recursos hídricos e garantir a sustentabilidade do abastecimento de água potável.

Estado de Emergência

De acordo com registros meteorológicos, Mato Grosso do Sul enfrenta um dos períodos mais secos e prolongados dos últimos anos, especialmente no Pantanal. Incêndios já consumiram mais de 661 mil hectares, levando o governador Eduardo Riedel a decretar estado de emergência.

Uma nota técnica do LASA-UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro), divulgada em 24 de junho, revelou que a região do Pantanal apresenta o maior índice de “raridade de seca” desde 1951, superando 2020, que até então era considerado o ano mais seco. A situação pode piorar, pois as temperaturas do ar próximo à superfície devem ultrapassar 2°C acima da média, com uma probabilidade de 60% a 70% de chuvas abaixo da média histórica.

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