Os incêndios no Pantanal aumentaram quase dez vezes neste ano, atingindo os níveis mais altos desde 2020, quando o bioma enfrentou os piores incêndios já registrados. Dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram um aumento de 980% no número de incêndios no Pantanal até 5 de junho, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Situação Alarmante
Esses números levantaram alarmes à medida que a região se aproxima da época mais arriscada para incêndios florestais, que normalmente começa em julho e atinge o pico em agosto e setembro. “É um dos piores inícios de ano em termos de focos de calor desde o início da série histórica em 1998”, afirmou Vinicius Silgueiro, coordenador de inteligência territorial da ONG local Instituto Centro de Vida.
Impacto Ambiental
As áreas úmidas do Pantanal, abrigam uma rica biodiversidade, incluindo onças, antas, jacarés, sucuris e tamanduás gigantes. No entanto, chuvas fracas desde o final do ano passado perturbaram as habituais inundações sazonais, deixando uma maior parte da região vulnerável a incêndios. “O mais preocupante é que, mesmo na época das chuvas, tivemos esse aumento de incêndios”, observou Silgueiro.
Previsão de Seca
Silgueiro alertou que o Pantanal deverá enfrentar outra forte seca este ano, após um período chuvoso com precipitações 60% abaixo da média, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). A perspectiva de uma nova seca severa aumenta a preocupação com a vulnerabilidade do bioma.
Incêndios Atípicos e El Niño
O aumento dos incêndios ocorre após eventos atípicos no final de 2023, quando o fenômeno climático El Niño atrasou a estação chuvosa. Em novembro, foram registrados 4.134 incêndios, em comparação com uma média histórica de 584 para o mês.
Ações Governamentais
Em resposta à crise, o governo federal assinou um pacto na quarta-feira com governadores de estados nas regiões do Pantanal e da Amazônia para combater incêndios florestais. Mato Grosso do Sul, estado que contém a maior parte do Pantanal do país, já declarou emergência ambiental.
As ações preventivas das equipes dos bombeiros na região pantaneira começaram no dia 2 de abril, com foco no trabalho que envolve o manejo integrado do fogo. Já a instalação das bases avançadas começou no dia 14 de maio, com a saída de uma barca carregada com veículos, equipamentos e suprimentos.
“Nós reestruturamos as nossas técnicas e táticas para evitar os grandes incêndios em Mato Grosso do Sul e esta atividade de prevenção é uma das principais ações que desenvolvemos. E com as bases avançadas, estaremos presentes nos locais e caso aconteça algum incêndio, a resposta é muito mais efetiva”, disse a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, responsável pelo monitoramento e ações de combate aos incêndios florestais no Estado.
A situação crítica dos incêndios no Pantanal exige ações imediatas e coordenadas para proteger esse bioma único e sua biodiversidade. A declaração de emergência ambiental e os esforços conjuntos entre governo federal e estaduais são passos essenciais para enfrentar este desafio.