Após 75 dias acampados em frente à prefeitura de Campo Grande, entidades sindicais e representativas do Sinte (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem) foram retiradas do canteiro central da Avenida Afonso Pena na última terça-feira (21). O grupo de manifestantes, composto por profissionais da enfermagem, protestava desde 8 de março contra o não pagamento do adicional de insalubridade.
Segundo o Sindicato, a prefeitura municipal removeu cerca de dez barracas e dezenas de faixas sem prévio aviso, causando danos ao patrimônio das entidades. “As barracas foram removidas mediante uso da força, com danificações e avarias, e recolhidas sem que se saiba para onde. Efetuamos um boletim de ocorrência e, como temos um movimento pacífico e organizado, não realizamos insurgências quanto ao ato arbitrário”, destaca a nota. O protesto estava instalado desde 8 de março de 2024, ou seja, por mais de 70 dias. No entanto, o Sinte afirma que a prefeitura não procurou as entidades para solicitar a retirada do local, além de não ter informado sobre a proibição do uso do espaço.
“A Prefeita Adriane Lopes se pronunciou diversas vezes sobre o acampamento, chamando-o de ‘protesto de barracas’, sem sequer referir-se à legitimidade ou não de ocuparmos o espaço público”. Os manifestantes alegam que não tiveram a oportunidade de retirar as barracas e faixas sem danos. Segundo eles, durante os 75 dias de acampamento, não ocorreu nenhum evento que pudesse colocar em risco a paz pública, o tráfego, o trânsito ou o meio ambiente da cidade.
Além disso, os servidores afirmam que irão acionar o Judiciário para dar continuidade ao protesto. “O protesto iniciou com o intuito de fazer frente às mazelas da administração pública, notadamente, pela folha secreta de Adriane Lopes (pagamento de adicionais, jetons e penduricalhos a comissionados e contratados sem amparo legal), ausência de reajuste”, afirmam os manifestantes.
A enfermagem de Campo Grande ganhou na Justiça o direito ao adicional de insalubridade, porém, mesmo com decisão judicial e liminar, a prefeitura não fez os pagamentos. A 5ª Câmara Cível do TJMS (Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul) rejeitou recursos da prefeitura tentando adiar o pagamento.
Após a retirada das barracas, as entidades marcaram uma coletiva de imprensa para esta quarta-feira (22), às 11h, em frente ao Paço Municipal.