Major Guimarães Rocha lança 2º Edição do livro, Coronel Adib: A história

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Campo Grande(MS) – Com o apoio da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e Academia Maçônica de Letras de MS , o evento acontecerá no dia 27 de novembro às 20 horas no recinto do Auditório da Grande Loja, Rua do Sucre, nº 275, Vila Carlota – Campo Grande/MS.

Guimarães Rocha (Antônio Alves Guimarães) é poeta escritor, membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Militar, alcançou o posto de Major PMMS. Formado em Letras pelas Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso (FUCMT), conclusão em 1988. Pós-graduado: Gestão em Segurança Pública, pela UNIDERP/MS (2003-2004); Fundamentos da Educação, Concentração Filosofia – defesa da tese exposta em monografia, “Reflexões sobre a Obra de Dante Alighieri”, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em 1996.

Adib Massad – Retrospectiva que faz história 

O verdadeiro policial em suas raízes mais profundas

A leitura da obra de Guimarães Rocha intitulada Coronel Adib: a história (Editora Viena) nos permite ter contato com uma biografia notadamente datada do coronel Adib Massad. Esta publicação ganhou também o acréscimo do prefácio do Presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Reginaldo Alves de Araújo, e da apresentação do jornalista Gutemberg Honorato de Moura. Emociona ler a quem o autor dedicou o livro: “Aos policiais que morreram no estrito cumprimento do dever.”

A obra é a consolidação do chamado movimento de História Nova – corrente que aponta novos métodos e novas linguagens na escrita da história. Entre essas inovações, está a abertura para o estudo do quotidiano dos “homens comuns”.

A historiografia sul-mato-grossense ganha uma obra que trabalha com uma multiplicidade de documentos, usando a linguagem narrativa, “sem a preocupação de dar mais ênfase a um ou a outro assunto, nem de forçar a memória do entrevistado”, explica o autor.

Com 268 páginas ilustradas, o livro aborda documentos extraídos dos arquivos históricos das polícias civil e militar, dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e detalhes sobre a vida e obra de uma das maiores personalidades do ativo policial da região Centro-Oeste.

Criteriosamente ilustrado com fotos, desenhos e artes, o livro é um convite irresistível para quem deseja encontrar o verdadeiro policial em suas raízes mais profundas. Este é o trabalho de Guimarães Rocha, que além de poeta, tornou-se antropólogo e historiador, cuja especialidade foi desenvolvida e adquirida na prática, na provocação de sua curiosidade.

O poeta Guimarães também acudiu em homenagem ao coronel Adib ao se pronunciar ao seu respeito em versos, transmitindo ao leitor toda dedicação com que os compusera. Do ponto de vista formal é uma inovação. Em algumas unidades, em que o livro está dividido, há uma introdução poética com poemas curtos, em versos de medida irregular, sem predominância de rima. O poema de abertura, Potencial da infância (p.29), já deixa clara a ideia de sustentar o que será todo o livro: “o que reside no broto singelo” que a infância tem: “a bela história de um gigante”: Adib Massad.

Parece-nos ilustrativo reproduzir o que era a Lei do Silêncio naqueles lugares fronteiriços nas décadas de 70, 80 e 90, quando o coronel Adib esteve no comando da Quarta companhia PM (1975-1976): “Era muito difícil ouvir uma pessoa dizer ‘Eu vi’, ‘foi fulano’, pois que no outro dia estaria morta”. Prova disso é o registro narrado por um cidadão da fronteira Brasil/Paraguai, a quem se deu o nome fictício de Cruz Guarani:”Morávamos numa velha casa de fazenda, meu pai se levantava muito cedo. Com pouca conversa, manuseava seu chapéu, encilhava o cavalo e dizia: – Levanta, menino! Ao trabalho.”

Um dia fui testemunha de silêncio. Saíamos pela manhã, deveríamos separar bezerros maiores e abriga-los. No trecho de mil metros que separava nossa moradia do local onde permaneciam os animais, pela metade do caminho passamos por dois homens estirados imóveis no chão, e outros dois pouco adiante. Papai não se detinha, mas eu queria voltar para ver se reconhecia alguém.

Diante de minha insistência, ouvi o seguinte do velho: – Vamos embora! Desde criança eu nunca ouvi um tiro e nunca vi morte nesta terra. Nesta fronteira silenciosa e fria, as noites cortantes deixam os campos todos iguais; e por não saber nem ouvir nada, também nada perguntei. Por isso, filho, eu estou aqui com meus cabelos brancos e sem me importar com a luta entre esses homens a quem não conheço, de quem não sei onde moram…” (p.84)

Ao perguntarem ao coronel Adib se haveria solução para a bandidagem e a delinquência juvenil em Campo Grande, ele respondeu: “Tem. Voltar ao tempo do chicote! […] Sem isso, não arriscaria, porque a nossa lei de direitos humanos impede medidas assim.” (p.143)

Heródoto imaginou os historiadores como guardiãs da memória, a memória de feitos gloriosos, como os do policial Adib. Desejamos que todos valorizem esse resgate e reconheçam a responsabilidade pessoal de transmiti-lo às gerações futuras.

Profª Enilda Mougenot Pires
Professora Doutora em Letras e Membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras

Guimarães Rocha – poeta e escritor

União Brasileira de Escritores – MS
Academia Maçônica de Letras – MS
Academia Sul-Mato-Grossense de Letras
Academia de Literatura e Estudos de Corumbá-MS

www.guimaraesrocha.com.br
(67) 9258 1195

ASSECOM PMMS

 

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