Neste domingo, 10/12, a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (SESAU) promoveu com dinheiro público uma grande festa de confraternização entre seus gestores, servidores, familiares e “amigos da saúde”. A festa, realizada numa arena de Beach Tennis, não chamaria a atenção caso o setor vivesse um momento diferente da situação caótica que vive a saúde em Campo Grande. Gerida, exatamente pelo secretário que a promove.
Nesses dias de chuva foram noticiados que em algumas unidades de saúde os pacientes passavam por constrangimentos como goteiras e áreas alagadas, como nas USF do Itamaracá e Tiradentes. Os enfermeiros efetivos do município assinaram manifesto de repúdio à gestão que simplesmente não paga direitos consagrados da categoria como periculosidade e insalubridade. A falta de médicos especialistas já é crônica no município. As cirurgias eletivas são quase uma quimera para as pessoas que as precisam realizar.
Casos absurdos como a falta de aventais para as mulheres fazerem exames no CEM e precisarem transitar despidas em frente a estranhos além da falta de equipamentos de ultrassom, noticiado pelo Estado Diário no último dia 06/12, ocorrem a todo momento e as respostas a esses casos são sempre vazias e, reiteradamente, apontam para o acaso ou a fatores externos nunca previstos pela prefeitura.
É nesse ambiente que tomamos conhecimento do “rega-bofes” organizado pela prefeitura, através da secretaria, para festejar as conquistas de 2023. Talvez para comemorar a construção do futuro hospital municipal previsto para ser inaugurado em setembro de 2024 de acordo com a promessa feita pelo secretário e a prefeita no dia 13/09 num também festivo lançamento da obra que ainda não se sabe onde será executada.
Não bastasse a falta de oportunidade para grandes festas, fazê-la com dinheiro público parece até escárnio com a população que pena com a falta de remédios básicos como Dipirona nos postos de saúde. A convocação para o convescote foi feita pelas redes sociais pelo próprio secretário da saúde, vereador licenciado que vai concorrer à reeleição. Ocorre que entre os princípios da administração pública há um que preconiza a impessoalidade, ou seja, aquilo que é público não de uma pessoa em especial. Talvez o Ministério Público devesse se curvar sobre esse caso e promover a justiça caso tal princípio tenha sido negligenciado pelas autoridades.
Deve-se a todos os servidores públicos da saúde respeito, solidariedade com eles nas lutas pela valorização e reconhecimento à entrega e dedicação de todos no enfrentamento dos problemas da saúde no dia a dia, mesmo trabalhando nas condições precárias que a administração os oferece. Por outro lado, essa confraternização promovida pela gestão era desnecessária e mostra um certo grau de descolamento da realidade e falta de solidariedade com os que sofrem nas filas da saúde por parte da atual gestão.