A precariedade na infraestrutura do setor de saúde de Campo Grande é queixa constante de toda a população. Estivemos no CEM, Centro de Especialidades Médicas, e constatamos diversos problemas com impacto direto bem-estar dos usuários. Faltam lençóis e roupas descartáveis. Falta climatização, nem sequer ventiladores existem nas áreas onde os pacientes aguardam os procedimentos. Até a distância entre bebedouros causa transtorno aos usuários, sobretudo os idosos que compõem a maioria dos usuários no setor da cardiologia.
A carência desses itens básicos não apenas compromete o bem-estar dos pacientes, mas também impacta a qualidade do atendimento e a eficácia dos procedimentos médicos. A indisponibilidade de recursos essenciais, como lençóis e roupas descartáveis para exames cardiológicos e ginecológicos, evidencia a falta de atenção da gestão e isso foi evidenciado por nossa reportagem, que esteve no local.
Uma senhora de 64 anos que foi ao CEM para ser submetida a um exame cardiológico nos contou que ficou constrangida quando precisou tirar a blusa em frente ao profissional para fazer um eletrocardiograma “ me senti envergonhada e constrangida, quando vi que nem um jaleco que é o normal havia ali para me cobrir. Também me surpreendeu o fato de não ter um lençol descartável na maca onde me deitei”, lamentou L.M.B.
Outra paciente de 36 anos que também foi até o Centro de Especialidades médicas para fazer um exame ginecológico passou pela mesma situação de constrangimento. “ Eu não sabia onde enviar minha cara de vergonha”, nos contou R.S.T.
Conversamos com o senhor de iniciais A.P.S e ele nos contou que tem 89 anos, e em outra oportunidade que esteve no CEM precisou de atendimento emergencial, devido ao forte calor e ter que ficar naquele local mal ventilado. “Vim pra cá pra fazer um exame e passei mal, minha pressão subiu e por pouco não tive um enfarto.”
Garantir um atendimento digno e eficaz a todos os usuários do Centro de Especialidades Médicas (CEM), com foco especial nos mais vulneráveis, como os idosos, é uma responsabilidade que requer um olhar sensível por parte da administração pública. Investir em condições que proporcionem mais dignidade às pessoas que buscam atendimento no CEM não demanda altos valores financeiros, mas, sim, uma abordagem humanizada. É crucial ressaltar que a busca por um atendimento de qualidade não se resume apenas a aspectos técnicos, mas também abrange a consideração das condições emocionais e físicas dos pacientes. Um olhar humano por parte da gestão municipal pode resultar em ações efetivas para aprimorar o CEM, proporcionando um espaço mais acolhedor e respeitoso para todos os usuários em especial para os idosos, que frequentemente enfrentam desafios adicionais em termos de saúde.
Isso enquanto não seja inaugurado no ano que vem o complexo de saúde municipal anunciado pelos gestores com pompa e circunstância, mas sem projeto, sem fonte de recursos palpáveis e nem mesmo sabemos ainda onde será. Nem uma mísera maquete do equipamento público foi ainda apresentada.