A empreiteira associada ao escândalo da Operação Cascalhos de Areia, comandada por André Luis dos Santos, conhecido como Patrola, recebeu autorização da prefeitura de Campo Grande para concorrer em pelo menos três licitações para manutenção de estradas vicinais na área rural da cidade. Esses contratos podem render quase R$ 10 milhões por ano à empresa. A Engenex, outra empresa envolvida nas investigações da operação, também recebeu autorização para participar dessas licitações.
A Operação Cascalhos de Areia, liderada pelo Ministério Público, investiga supostas irregularidades em contratos que ultrapassaram R$ 300 milhões para aluguel de máquinas e manutenção de ruas sem asfalto na região urbana de Campo Grande. Mesmo após o início das investigações, três dos contratos sob investigação foram reajustados em 25% pela administração municipal em setembro.
Os contratos em questão envolvem a manutenção das estradas dos assentamentos Três Corações, Conquista, Sucuri e da região do Apa Guariroba. A prefeitura está disposta a gastar até R$ 3.089.905,20 para a manutenção das estradas do Assentamento Três Corações, até R$ 3.150.956,93 para as estradas dos assentamentos Conquista e Sucuri, e até R$ 3.358.701,81 para a região do Apa Guariroba.
Nos editais das licitações, está definido que “empresas declaradas inidôneas” não podem participar. No entanto, como a investigação de Cascalhos de Areia ainda não foi comprovada em nenhuma notificação judicial, tanto a Engenex quanto a empreiteira de Patrola permaneceu legalmente apta para firmar novos contratos.
A empresa Engenex pertence oficialmente a Edcarlos Jesus Silva, mas a investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) suspeita que ele seja uma laranja possível de Patrola. Durante a investigação, também foi revelado que Edcarlos é gênero de Adir Paulino Fernandes, 65 anos, um vendedor de queijos de Terenos que é proprietário oficial de diversas empresas que têm contratos milionários com a prefeitura de Campo Grande.
A suspeita é de que tanto o sogro quanto o gênero sejam laranjas de Patrola. Em 15 de julho, 19 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, incluindo endereços relacionados a Patrola e Edcarlos. A investigação busca uma possível organização criminosa envolvida em peculato, corrupção, fraude à licitação e lavagem de dinheiro. A principal suspeita é que os serviços de manutenção não são realizados, mas as empresas recebem os pagamentos normalmente.
Devido ao escândalo, o governo do Estado suspendeu temporariamente os serviços com a empresa Patrola, que também tinha contratos com o governo estadual.