MPI pede investigação da Polícia Federal sobre morte de curandeiros indígenas em Aral Moreira

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Campo Grande, 19 de setembro de 2023 – O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) solicitou à Polícia Federal que assuma as investigações da morte do casal de curandeiros Nhandesy Sebastiana Gauto e Nhanderu Rufino Velasquez, ocorrida nesta segunda-feira (18) em Aral Moreira, no Mato Grosso do Sul. Embora a Polícia Civil tenha manifestado a suspeita de motivação passional no crime, o MPI alega que o casal vinha sendo ameaçado devido às suas práticas religiosas e, por isso, suspeita que o crime possa estar relacionado à intolerância religiosa.

A comunidade onde o casal vivia está localizada no território Guassuty, em Aral Moreira, a cerca de 400 quilômetros de Campo Grande. Segundo líderes indígenas da região, Nhandesy Sebastiana e Nhanderu Rufino eram ativos no trabalho espiritual da aldeia e já haviam sido ameaçados anteriormente devido à suposta prática de feitiçaria. Essas lideranças apontam a hipótese de intolerância religiosa como possível motivo do crime.

O pedido de investigação foi encaminhado por Eloy Terena, que responde interinamente pelo Ministério dos Povos Indígenas, e destaca: “…já foi possível apurar a existência de relatos anteriores de ameaças de morte dirigidas a Nhandesy Sebastiana e seu marido em razão de suas práticas religiosas.”

O MPI também solicitou informações à Polícia Federal sobre a existência de inquéritos em andamento relacionados aos indígenas Guarani e Kaiowá residentes nos municípios da região.

A pasta afirmou que está acompanhando de perto o caso e espera que o responsável pelo crime seja devidamente punido. Um suspeito, que é parente das vítimas, já foi preso. A Polícia Militar encontrou o suspeito nas proximidades de Aral Moreira e efetuou sua prisão em flagrante. A residência onde o casal foi encontrado carbonizado ficou destruída.

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